Radar do Mercado: Fras-le (FRAS3) – Perspectiva da gestão é positiva para 2018

A Fras-le divulgou hoje (15) a sua projeção empresarial a ser acompanhada no ano de 2018 (Guidance) e, segundo o relatado, a sua expectativa se faz conforme abaixo destacado:

  • Receita Bruta Total (Exportações Brasil + Operações no exterior): R$ 1,6 bilhão;
  • Receita Líquida Consolidada: R$ 1,1 bilhão;
  • Receitas no exterior (Exportações Brasil + Operações no exterior): US$ 170 milhões;
  • Importações: US$ 20 milhões;
  • Investimentos: R$ 42 milhões;

Segundo a Fras-le, tais indicadores foram validados no processo de seu planejamento estratégico e respaldados pela avaliação do cenário macroeconômico doméstico e dos países com os quais ela mantém relações comerciais, bem como, indicadores setoriais, da indústria automotiva, e comportamento de mercado nos segmentos de atuação.

 

Fundada em 1954, a Fras-le tem como atividade a produção de materiais de fricção, sendo uma das líderes mundiais neste segmento.

Com fábricas no Rio Grande do Sul (Brasil), nos Estados Unidos (Alabama) e na China (Pinghu), centros de distribuição na Argentina, na Europa e Estados Unidos e operações comerciais nos Estados Unidos, Chile, Alemanha, México, Emirados Árabes Unidos e África do Sul, a empresa mantém uma estruturada equipe para atender os clientes nos mais de 100 países dos cinco continentes onde atua.

Neste amplo mercado de atuação, a empresa se destacar por fornecer uma vasta linha de produtos composta de lonas e pastilhas para veículos pesados, pastilhas, lonas e sapatas para veículos leves, revestimentos de embreagem, pastilhas e sapatas para motos, pastilhas para aeronaves, pastilhas e sapatas para trens e metrôs, lonas moldadas e trançadas e placas universais.

Ainda, a Fras-le é uma das integrantes das Empresas Randon que contempla o segmento de Veículos e Implementos (Randon Implementos & Randon Veículos), Autopeças (Fras-le, Master, JOST, Suspensys e Castertech) e Serviços (Randon Consórcios e Banco Randon).

No que diz respeito a seus resultados, é interessante mencionar que mais de 50% das receitas da companhia advém de mercados fora do Brasil, parte composto pelas exportações, parte pelo desempenho das unidades do exterior.

Contudo, a condução dos negócios em diferentes mercados adiciona desafios e complexidade na gestão dos mesmos. Legislação, eventos políticos, câmbio entre outros são particularidades a serem consideradas na condução dos negócios e administrados cautelosamente pela companhia.

Mesmo assim, no último 3T17, a receita líquida consolidada somou R$ 218,9 milhões, atingindo um melhor desempenho em relação aos trimestres anteriores e uma evolução de 11,4% na comparação com o 3T16.

Por consequência, o Ebitda consolidado do 3T17, equivalente a R$ 29,2 milhões, refletiu um maior nível de despesas operacionais, e apresentou, com isso, uma redução de 13,6% em relação ao Ebitda do 2T17, porém, este desempenho é 24,4% superior ao do 3T16.

A margem Ebitda ficou em 13,3% no trimestre, que corresponde a uma redução de 2,4 pontos percentuais comparado ao 2T17.

Já o lucro líquido do último terceiro trimestre somou R$ 15,9 milhões, que na comparação com o 2T17 equivale a um desempenho 43,0% inferior, porém, é importante destacar que o lucro líquido do 2T17 estava majorado pelo benefício fiscal da remuneração dos acionistas.

Já o que diz respeito ao nível de compromissos da companhia, a dívida financeira bruta consolidada encerrou o trimestre com saldo de R$ 214,0 milhões.

Deste montante R$ 132,9 milhões ou 62% correspondem ao curto prazo e R$ 81,1 milhões ou 38% no longo prazo, sendo R$ 161,1 milhões ou 75,3% atrelados ao dólar, porém, é importante lembrar que o volume de exportações da Fras-Le permite um hedge natural para minimizar os efeitos de possíveis impactos da variação cambial na dívida financeira.

Gostamos da Fras-Le muito por conta de seus números, que demonstram que a empresa é bem administrada e que sua gestão se compromete em procurar gerar valor a seus acionistas de maneira sustentável no longo prazo.

Ainda, o referido comunicado sobre suas projeções para o ano de 2018 indicam que a companhia segue coerente e bastante racional no que diz respeito à avaliação de sua capacidade operacional quando se comparando ao desempenho de seus números no passado.

Ademais, tudo indica que o negócio tende a continuar agregando considerável valor aos seus acionistas, entretanto, é sempre necessário lembrar que o setor de autopeças historicamente é difícil: cíclico, com margens baixas e poucos compradores.

Mesmo considerando-se que a empresa vende mais para a reposição – conseguido, assim, amenizar um pouco esse desafiador fator – este não é um segmento que consideramos ser um dos mais perenes no longo prazo, muito pelo fato de ser um mercado que não permite ter margens e retornos sobre capital elevado.

A empresa é sólida, é verdade, mas por conta dos motivos acima citados, preferíamos um desconto maior para recomendar uma participação nesta companhia, haja visto que suas ações FRAS3 encerraram o pregão de ontem cotadas a R$ 5,44.

O que fazemos em situações como essa é esperar por um momento de baixa em seu preço de cotação, e é isso que recomendamos a nossos assinantes que também o façam neste momento em relação a Fras-Le.

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Tiago Reis
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