Radar do Mercado: BB Seguridade (BBSE3) – Reestruturação de parceria pode melhorar performance operacional

A BB Seguridade comunicou ontem (26) ao mercado que o seu Conselho de Administração aprovou a assinatura, por meio da sua subsidiária integral BB Seguros Participações e com seu controlador, o Banco do Brasil (BBAS3), de um acordo de reestruturação de parceria, com a Mapfre, a Mapfre Internacional e a Mapfre Brasil Participações.

Conforme os termos e condições previstos no acordo, a reestruturação da parceria se dará por meio de uma reorganização societária, a qual consistirá de uma cisão parcial da BB Mapfre SH1 mediante a segregação de um acervo cindido correspondente à totalidade das ações representativas do capital social da Mapfre Vida a ser incorporado pela Mapfre BB SH2; e de uma cisão parcial desproporcional da SH2 mediante a segregação de um acervo cindido correspondente à totalidade das ações representativas do capital social da Aliança do Brasil Seguros (ABS) a ser incorporado pela SH1, sendo que após a sua transferência à SH1, a ABS deverá se abster de efetuar renovações e contratar novos negócios no segmento de Grandes Riscos, permanecendo titular apenas da carteira em run-off.

No mesmo comunicado, contudo, a BB Seguridade destacou que o fechamento da operação está condicionado ao cumprimento de determinadas condições precedentes, incluindo a obtenção das aprovações regulatórias aplicáveis, quando só então os pontos acordados produzirão efeitos.

 

Em relação ao comunicado acima destacado, é importante destacar que, no seu fechamento, imediatamente após a reorganização societária descrita, a BB Seguros alienará a totalidade das ações ordinárias e preferenciais de emissão da SH2 de sua titularidade à Mapfre Brasil pelo valor de R$2,4 bilhões, o qual sofrerá ajustes de eventuais pagamentos de dividendos e/ou juros sobre capital próprio ocorridos antes da data de fechamento.

Ainda como parte da reestruturação da parceria, será celebrado um acordo comercial para atuação no segmento de seguros no ramo Auto e nos produtos enquadrados como grandes riscos, sendo mantida a exclusividade no canal bancário das empresas detidas pela SH2 para estes produtos, condicionada ao cumprimento de padrões mínimos de níveis de serviço e satisfação dos clientes.

Adicionalmente, o valor pago pela Mapfre Brasil correspondente à aquisição da Brasilveículos poderá sofrer ajustes ao final de cada exercício social, tanto para cima como para baixo, a partir do exercício de 2018 e até o exercício de 2031, em função do atingimento ou não de metas de faturamento de seguro automóvel da Brasilveículos, distribuído no canal bancário do BB.

“A reestruturação da operação de seguros está alinhada com a estratégia de simplificação da estrutura de governança e gestão das participações adotada pela BB Seguridade”, ressaltou a companhia em seu comunicado.

“Essa estratégia tem por objetivo aumentar a ênfase na comercialização de produtos de seguro no canal bancário, buscando aperfeiçoar os serviços prestados aos clientes do BB bem como a maximização na geração de valor para seus acionistas”, acrescentou.

Ainda, a BB Seguridade complementou o comunicado destacando que a referenciada reorganização societária permitirá uma liberação de capital estimada em R$1,8 bilhão, passível de distribuição aos seus acionistas a depender de futura deliberação do Conselho de Administração após o fechamento da operação.

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Vale ressaltar que o Banco do Brasil, mediante tal operação, destacou que estima que a referida reorganização societária, após o atendimento das condições precedentes, impactará positivamente o seu resultado de equivalência patrimonial em aproximadamente R$ 460 milhões, considerando a posição do 1T18.

No mais, avaliamos como positiva a notícia em relação a tal operação feita pela BB Seguridade, haja vista que o movimento conclui um esforço da companhia para se desvencilhar de áreas de negócios como seguro automotivo e grandes riscos, que têm tido receitas abaixo do esperado e demandado grandes somas de capital, num momento em que as receitas financeiras cadentes, pressionando ainda mais o lucro do grupo.

Isso se torna mais visível ao observarmos o resultado das receitas de investimentos em participações societárias da BB Seguridade no primeiro trimestre de 2018, quando as mesmas totalizaram R$878,9 milhões, registrando queda de 11,9% ante mesmo período de 2017, desempenho explicado em grande parte pelo aumento nas perdas do investimento na Mapfre BB SH2, justificado pela piora no resultado operacional não juros e queda no resultado financeiro.

No mais, fica a sensação de que a BB Seguridade tenderá a se atentar a uma estratégia de foco maior no canal bancário, e aumentar a sua rentabilidade, dado que a SH2, conforme observado acima, é uma operação bem “problemática” para a companhia.

Adicionalmente, o acordo – que vinha sendo costurado desde fevereiro – permitirá à BB Seguridade, que reúne os negócios de seguros e previdência do Banco do Brasil, tenha um consumo de capital R$ 1,8 bilhão menor, valor que será distribuído aos acionistas como um dividendo extraordinário.

Diante de tal operação, o grupo Mapfre manterá a exclusividade na venda dos seguros de automóvel e de grandes riscos no canal bancário do BB. A Mapfre também leva a Brasilveículos, negócio cujo valor poderá sofrer ajustes até 2031, com base em métricas de desempenho, conforme destacado anteriormente.

Por fim, no contexto de tal operação, tal informação, em nossa visão, pode ser interpretada como uma boa notícia por parte da empresa, isto por que, de maneira direta, demonstra que a companhia está empenhada em agregar e gerar ainda mais valor a seus acionistas por meio dessa operação estratégica operacional.

Isso pode, de certo modo, gerar consequências bastante interessantes para os minoritários, como um aumento, no médio prazo, de dividendos por ação a serem recebidos, por exemplo, que, inclusive, apresentam um aumento histórico de volumes pagos interessantes no caso da BB Seguridade.

Dessa forma, o referido comunicado da companhia reforça nossa convicção de que a empresa continuará apresentando resultados sólidos e consistentes ao longo do tempo, além de firmar o seu compromisso com o respeito e transparência frente aos acionistas minoritários.

Pressupondo-se que o crescimento da empresa deverá permanecer no longo prazo, principalmente quando avaliamos a posição ainda subpenetrada do mercado de seguros brasileiro que deverá continuar crescendo a um ritmo interessante, entendemos que as empresas que nele atuam possuem à sua frente um ambiente muito favorável para o desenvolvimento de performance e geração de caixa, além da possibilidade de distribuir dividendos atrativos e crescentes.

No mais, acreditamos no potencial de crescimento da BB Seguridade, e seguimos aguardando ansiosamente pela divulgação de seus resultados operacionais referentes ao segundo trimestre de 2018, previstos para serem revelados no próximo dia 6 de agosto.

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Tiago Reis
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