Radar do mercado: BRF (BRFS3) e Marfrig desistem de fusão

A BRF S.A. emitiu um fato relevante, na noite de ontem (11), para comunicar aos seus acionistas e ao mercado em geral que sua administração, em conjunto da administração da Marfrig Global Foods S.A. decidiram, por mútuo acordo, encerrar as negociações relativas a eventual combinação de negócios das duas companhias.

Segundo o documento, a decisão se deve ao fato de não ter sido atingido um acordo quanto aos termos e condições relacionados à governança da companhia combinada caso a transação viesse a ocorrer.

O comunicado foi feito menos de dois meses após o anúncio do acordo para negociação, que criaria uma gigante de carnes com faturamento de R$ 80 bilhões. Quando anunciaram o acordo de exclusividade para avaliar a fusão, as duas empresas informaram que as tratativas ocorreriam por 90 dias, mas poderiam ser prorrogadas por mais trinta dias, de modo que chegariam a setembro.

 

Por outro lado, este comunicado de cancelamento das negociações evitará que a BRF tenha gastos adicionais com auditorias.

Segundo o Jornal Valor Econômico, a influência que o empresário Marcos Molina, fundador e principal acionista da Marfrig, pretendia ter na empresa resultante não foi bem aceita. Na Marfrig, ele detém cerca de 35% das ações. Na fusão, os acionistas da Marfrig teriam 15%, de modo que Molina ficaria com cerca de 5,5% do capital da nova empresa.

MINICURSO CONTABILIDADE

Já no lado da BRF, a proposta encontrava resistência de importantes acionistas, como os fundos de pensão Petros e Previ que, juntos, possuem cerca de 20% do capital.

No conselho de administração da BRF, a fusão também não era unanimidade, já que uma parte não enxergava lógica no movimento de produzir carne bovina. Entretanto, outros se inspiravam na JBS, que produz todas as proteínas em diversas partes do mundo.

As companhias ressaltaram que, apesar do término das negociações da fusão, o relacionamento comercial entre elas permanecerá inalterado, de modo que não haverá quaisquer modificações nas práticas, condições e termos previstos em contratos previamente celebrados.

A administração da BRF disse que reforça seu comprometimento em implementar as diretrizes de seu Plano Estratégico e continuar avaliando oportunidades que possam gerar valor para seus acionistas.

Vale lembrar que a BRF é líder nacional da produção de carne de frango e suína. Já a Marfrig, por sua vez, é vice-líder mundial no segmento de carne bovina, atrás apenas da JBS.

Atualmente, a BRF passa por um cenário de dificuldades em sua gestão. Acumulou prejuízos nos últimos resultados e, além disso, se desfez de ativos na Tailândia.

No mais, acreditamos que seja mais prudente ficar fora do papel, uma vez que o case de BRF traz várias nuances complexas. Além disso, trata-se de um setor do mercado que não nos interessa no momento.

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Tiago Reis
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