O modelo de Gordon utilizado para a precificação de ativos

Diversas são as ferramentas usadas por investidores na busca do aumento das rentabilidades de suas aplicações financeiras e, dentre elas, o modelo de Gordon é bastante difundido.

Normalmente, o modelo de Gordon é utilizado para se precificar o valor financeiro de uma ação, mas também é frequentemente utilizado para o estabelecimento de valor de outras espécies de ativos.

Definição

O modelo de Gordon baseia-se na estimativa de dividendos futuros que crescem a taxas constantes e, por conta disso, é preciso que se tenha muita sensatez ao utilizá-lo pois, como se sabe, os dividendos, assim como as demais métricas e características das empresas, dificilmente seguem o mesmo padrão no longo prazo.

Após esta ressalva, conclui-se que o modelo de Gordon é, portanto, uma métrica de transposição de dividendos baseando-se em dados passados que possam vir a acontecer novamente, porém sem garantias nenhuma de sucesso.

Dito isso, podemos atribuir que, se o dividendo pago por ação de determinada companhia em um ano – e assumimos a ousada premissa de que ele irá crescer a taxas constantes ao longo do tempo – o Modelo de Gordon traz a valor presente os fluxos de dividendos futuros baseado no histórico daquele negócio.

Cabe aqui ressaltar que este modelo geralmente é utilizado para precificar empresas maduras e que tenham a tendência de apresentarem taxas de crescimento estáveis e moderadas.

Assim sendo, pode-se definir que o modelo consiste na seguinte fórmula matemática:

Para exemplificar:

Se a empresa WXYZ S/A pagar R$1,00 por ação nos próximos doze meses, e o acionista desta empresa esperar obter 10% de retorno neste empreendimento e, além disso, ele estimar também que o dividendo por ação deva crescer 2% na perpetuidade, esse investidor poderá precificar este papel utilizando o Modelo de Gordon, da seguinte maneira:

Preço = 1,00 / (10% – 2%)

Preço = 1,00 / 0,08

E, portanto, segundo o Modelo de Gordon este ativo deveria valer R$ 12,50.

Modelo de Gordon – Uma análise

Como já dito, este modelo é utilizado no intuito de se precificar uma ação, assumindo-se a premissa de que o crescimento no pagamento de dividendos daquela companhia será constante ao longo do tempo (o que, na prática, é pouco provável).

Dessa forma, podemos analisar as três variáveis da equação no modelo referenciada anteriormente, que são (a) os dividendos por ação, (b) a taxa de crescimento dos dividendos por ação e (c) a taxa de desconto exigida pelos acionistas da empresa.

a) Os dividendos por ação representam os pagamentos que a empresa irá realizar aos seus acionistas nos próximos 12 meses, de acordo com dados anteriores;

b) A taxa de crescimento de dividendos por ação representa quanto de crescimento percentual irá ocorrer com os dividendos no futuro;

c) A taxa de desconto exigida representa o mínimo que os investidores estão dispostos a aceitar de retorno para adquirir ações desta empresa;

Como já mencionado anteriormente, o Modelo de Gordon parte da premissa que a empresa irá existir para sempre e que irá pagar dividendos crescentes e de maneira constante, o que, obviamente, deve ficar bem claro para um investidor que estes são pressupostos bastante arrojados no longo prazo.

Diante dessa ressalva, o modelo traz a valor presente os fluxos de dividendos futuros através desta taxa de desconto, e o resultado é expresso no modelo.

Pontos negativos presentes no modelo

O principal limitador da utilização deste modelo é a premissa de que os dividendos irão crescer para sempre e de maneira constante e sustentável indefinidamente, o que, na prática, constata-se que são raríssimas as empresas que conseguem crescer desta maneira, pois a economia é volátil e esta turbulência se traduz em resultados menos estáveis do que o modelo assume.

Além disso, este modelo apresenta insuficiências para precificar empresas que estão em fase de crescimento acelerado – como algumas companhias do setor de tecnologia, por exemplo –  uma vez que se a taxa de crescimento futuro for superior ao valor da taxa de desconto, o resultado será um valor negativo.

Isto posto, para empresas de alto crescimento o ideal é fazer a precificação em duas etapas, utilizando o Modelo de Gordon para precificar a fase de maturidade daquela empresa.

Conclusão

É muito importante os investidores buscarem sempre a evolução de suas instruções a fim de melhorar sua performance no mercado e, como já comentado pela Suno Research em diversas outras oportunidades, o conhecimento nunca é demais, e aprender sempre é uma boa sugestão para qualquer nível de investidor.

Assim sendo, o modelo de Gordon certamente pode trazer benefícios para aqueles que o usarem cientes de suas premissas e limitações. É importante destacar, também, que jamais deve ser usado apenas um modelo de precificação de ativos – muito menos análises quantitativas e qualitativas – isoladamente em um exame de investimentos.

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Tiago Reis
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4 comentários

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  • Adilan Bittar 15 de janeiro de 2020
    Muito interessante sua explicação sobre como utilizar esse modelo, realmente não é aconselhável utilizar em empresas com histórico errático na distribuição de dividendos, empresas maduras e com histórico mais uniforme são melhor indicadas mas não somente por essa análise. Obrigado pela informação.Responder
  • Thiago 26 de junho de 2020
    Muito bons os materiais da Suno, tenho aprendido bastante aqui. Parabéns pelo trabalho. Em relação ao tema do texto, me ficou uma dúvida de iniciante: utilizar o Patrimônio Líquido, a parte correspondente às ações, é claro, não seria uma maneira mais acertada/conservadora de determinar o preço? Pensando em projeções, ficaria livre das variações de payout.Responder
    • Suno Research 26 de junho de 2020
      Bom dia Pelo modelo de Gordon não, para uma análise mais profunda é necessário usar outros modelos de precificação. Atenciosamente, Equipe Suno.Responder
  • João augusto 1 de agosto de 2020
    Como descobrir quanto que a empresa vai pagar nos próximos 12 meses? A taxa de desconto esperado? A taxa de crescimento dos dividendos?Responder

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