A importância da Margem de Segurança

Quando pensamos em margem de segurança, não há como dimensionar a diversidade de situações em que ela pode ser empregada para nos dar conforto e como o próprio nome já diz, segurança.

Recentemente tivemos um exemplo de como algumas vezes a falta de margem de segurança pode chegar a extremos e levar inclusive a tragédias.

O acidente aéreo que vitimou a equipe e comissão técnica da Chapecoense, é um exemplo legítimo de falta de margem de segurança, que no caso levou muitos a perderem as vidas.

O piloto do avião que transportava a equipe da chapecoense, que também era um dos donos do próprio avião e da empresa, não utilizou os princípios de margem de segurança em sua viagem.

Investigadores e peritos concluíram que o piloto tentou fazer o percurso com o combustível menor que o necessário, além de estar com excesso de peso no avião.O recomendado e o necessário, era o piloto fazer uma escala para abastecer, mas preferindo não utilizar a margem de segurança, o piloto decidiu seguir viagem acreditando que o combustível seria o suficiente.

Se o piloto do avião da Chapecoense tivesse utilizado a margem de segurança na sua viagem, essa tragédia com certeza poderia ter sido evitada.

No mundo dos investimentos, a falta de margem de segurança já levou inúmeros investidores à perdas patrimoniais e até mesmo à falência. Empresas com frequência declaram falência por falta de margem de segurança em seus negócios.

Recentemente houve um pedido de recuperação judicial ajuizado pela PDG, uma empresa do setor de construção civil que também exemplifica bem o que pode ocorrer quando não trabalhamos com prudência.

A empresa abriu seu capital em um período de bonança, em que a economia ia bem, e o setor de construção civil crescia a passos largos.

A empresa então, faltando com margem de segurança, se endividou a níveis altíssimos e de forma imprudente tentou acelerar seu crescimento demasiadamente.

A situação econômica mudou, o cenário se deteriorou e a construção civil foi um dos setores mais afetados, como consequência a empresa foi bastante afetada em suas vendas e operações, vendo-se obrigada a vender com margens muito mais apertadas e preços menores.

Vendendo menos, e perdendo margens, estando com dívida absurdamente alta, a empresa logo se encontrava afundada em prejuízos e numa situação irreversível.

Novamente, a margem de segurança foi esquecida. Como seria a situação desta empresa citada se em vez de contrair dívidas tão grandes, utilizassem apenas o capital próprio para financiar as suas operações?

E se resolvessem lançar menos, focando mais em qualidade e operando com mais prudência, mantendo uma boa reserva de caixa para possíveis momentos de adversidade? Com certeza a situação poderia ter sido evitada.

Nos investimentos não é diferente, devemos sempre utilizar margem de segurança. A maior vantagem de comprarmos uma ação ou algum ativo que esteja sendo negociado abaixo de seu valor intrínseco, é que ganhamos margem de segurança para proteger-nos dos imprevistos e situações adversas.

Uma pessoa que precisa urgentemente de dinheiro por conta de algum imprevisto e resolve vender seu carro que tem avaliação de R$ 20.000,00, por R$ 15.000,00, está proporcionando ao comprador uma bela margem de segurança.

Podemos afirmar de forma simples que a margem de segurança é a diferença entre o valor de mercado de um ativo e seu valor intrínseco, ou até mesmo a diferença entre a receita total auferida pela empresa e a receita total no ponto de equilíbrio.

Quando compramos ações de uma boa empresa, bem administrada, com múltiplos baixos e menores que seus pares, estamos comprando abaixo de seu valor intrínseco.

Por mais que esta empresa venha a sofrer uma desaceleração em seu crescimento ou até mesmo sofrer queda de lucratividade, nossa margem de segurança nos permitirá ter muito mais conforto e tranquilidade do que uma empresa cara, precificada com múltiplos elevados, que venha a ter queda em seus números.

Portanto, lembre-se sempre da margem de segurança antes de investir, e não apenas na hora de investir, mas em todas as áreas de sua vida, pois ela com certeza é fundamental.


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Tiago Reis
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8 comentários

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  • Jeferson 11 de dezembro de 2019
    Ainda não ficou muito claro essa margem de segurança. Ela é meio que você ter um caixa para quando ter um imprevisto poder bancar sem precisar sacrificar outro bem que não possa? E também ter caixa para comprar uma ação com fundamentos que caiu 2 digitos?Responder
    • Suno Research 12 de dezembro de 2019
      Boa tarde, na realidade isso que você citou é a chamada reserva de oportunidade. A margem de segurança é uma diferença entre o preço do ativo e seu valor intrínseco. Pense assim, a empresa X tem boas perspectivas de crescimento, justificando ser comprada. No seu valuation, você acha que 10 reais por ação é um preço justo. Se algo acontecer e o preço cair para 8, você terá dois reais de margem de segurança. Assim mesmo que sua tese não se concretize e a empresa não tenha o crescimento esperado, você ainda não toma prejuízo, pois investiu com margem de segurança.Responder
  • Carlos Henrique 4 de abril de 2020
    Esse Tiago é muito feio, deveriam usar outro rosto como marketing. Mas o conteúdo é bom, isso que importa!Responder
  • Marcos 26 de maio de 2020
    A margem de segurança poderia dizer que seria o capital de giro da empresa? Acredito que não deve ser tão simples assim...Responder
    • Suno Research 27 de maio de 2020
      Olá Marcos, A margem de segurança para investir em um ativo envolve principalmente, estabelecer um preço de compra que esteja abaixo do valor intrínseco.Responder
      • Marcos 28 de maio de 2020
        Que ótimo! Então o comprador utiliza as técnicas de precificação e chegar numa margem segura, correto?Responder
  • Raí 22 de agosto de 2020
    Pelo que eu entendi o se o valor intrínseco de um papel está em 10,00 e por alguma adversidade está oferecido a 8,00 eu devo comprar a 8,00 tendo uma margem de segurança de 2,00 ou 20%? É isso mesmo?Responder
    • Suno Research 24 de agosto de 2020
      Olá, Raí! Tudo certo? É isso mesmo, mas lembre-se sempre de analisar o cenário que a empresa está vivendo naquele momento. Cada caso é um caso. Atenciosamente, Equipe Suno.Responder

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