O mercado financeiro apresenta diversas particularidades que podem confundir os investidores iniciantes, e o conceito de ações ordinárias figura entre as dúvidas mais comuns.
Portanto, desmistificar o conceito de ações ordinárias é um objetivo muito importante, uma vez que é importante entender a lógica por trás dos investimentos.
O que são Ações Ordinárias?
Ações ordinárias (também são chamadas de ON) são tipos de ações cuja principal característica é o direito ao voto nas assembleias de acionistas, que normalmente decidem os próximos passos da gestão da companhia.
Dessa forma, é possível entender a origem do nome “ordinárias”, que nada mais é que uma derivação da palavra “ordem”.
Portanto, como possuem essa característica, são muito visadas por investidores da escola do Value Investing, principalmente pelos investidores ativistas (aqueles que têm interesse em mudanças estratégicas de longo prazo nos negócios que investem).
Em segundo lugar, é preciso notar que as ações ordinárias possuem direito de tag along, que consiste na garantia de um valor mínimo pago ao acionista minoritário caso a empresa mude de controlador.
Portanto, para o pensamento de longo prazo, muitos investidores procuram por ações dessa classificação.
Atualmente, o segmento do Novo Mercado, o segmento de maior governança corporativa da bolsa, é composto por empresas que possuem apenas ações preferenciais.
Como Funcionam as Ações Ordinárias?
É importante destacar que os códigos das ações ordinárias apresentam sempre o número 3 no final de seus tickers.
Por exemplo: a grande maioria das pessoas já deve ter ouvido falar na Vale, uma grande mineradora multinacional brasileira e uma das maiores operadoras de logística do país e do mundo.
As ações dessa companhia são divididas em mais de uma classe, e as ordinárias são conhecidas pelo ticker VALE3.
É importante reforçar que o número “3” ao final do ticker significa que este é um papel ordinário e que fornece a seu detentor o direito ao voto nas assembleias da companhia.
Portanto, caso a votação em assembleias seja importante para o investidor em questão, é preciso estar atento na hora de adquirir ações de uma companhia.
No entanto, outros tipos de ações possuem números diferentes para representá-las, a depender de sua classificação.
Quais as diferenças entre ações ordinárias, preferenciais e units?
Existem, no mercado brasileiro, três formas de se tornar sócio das companhias abertas – sociedades anônimas que possuem suas ações negociadas na bolsa de valores – a que se tem interesse:
- Ações ordinárias;
- Ações preferenciais;
- Units.
1. Ações ordinárias
Como mencionado, ações ordinárias concedem direitos adicionais ao investidor caso a empresa mude de controlador, além de conferir direito ao voto nas assembleias.
2. Ações preferenciais
As ações preferenciais não possuem tag along e não possuem direito ao voto em assembleias de acionistas, mas contam com uma maior distribuição de proventos.
Os acionistas de ações preferenciais se beneficiam da maior distribuição dos lucros da empresa, seja na forma de dividendos ou de juros sob capital próprio. Seus códigos de negociação terminam com o número quatro (4).
3. Units
As units consistem em um pacote de ações que contem um número determinado de ações preferenciais e ordinárias, sendo representaos pelo número 11 no final do ticker.
De forma geral, as units possuem a maior liquidez dentre as três classes, caso a companhia apresente esse tipo de ação.
Quais as vantagens das Ações Ordinárias?
Primeiramente, uma característica positiva das ações ordinárias é que elas concedem aos acionistas que as possuem o “direito” conhecido como tag along.
Esse benefício nada mais é que uma vantagem concedida pelas empresas caso o seu controle seja vendido para terceiros.
Isso significa que os investidores com ações ordinárias possuem o direito de vender suas ações para o ofertante por, no mínimo, 80% do preço que o comprador ofereceu ao acionista majoritário pelo controle da companhia.
Sendo assim, muitos investidores preferem adquirir esse tipo de ação pensando na mentalidade de sócios da empresa.
No entanto, é preciso notar que 80% é uma porcentagem mínima, podendo esse valor ser maior, chegando até mesmo em 100%, como é comum algumas empresas.
De fato, os portadores de ações preferenciais também são sócios da companhia. No entanto, eles não possuem o direito de tag along, algo desejado por alguns acionistas minoritários.
Além disso, o fato de poderem participar na assembleia de acionistas, ainda que possuindo uma porção ínfima dos votos, é um diferencial para um investidor de valor.
É melhor investir em ações ordinárias ou preferenciais?
Não há resposta conclusiva para essa pergunta: tudo isso dependerá da mentalidade do investidor que deseja comprar suas ações.
As ações ordinárias são muito visadas por quem deseja assumir posições relevantes nos controles das companhias abertas, para possuir relevância nas votações das assembleias de acionistas.
Além disso, por apresentarem o benefício do tag along, despertam bastante interesse pelos investidores mais receosos em seus investimentos em relação ao futuro das empresas.
No entanto, as ações preferenciais são desejadas por aqueles que desejam receber mais proventos, sem se preocupar em participar na gestão da companhia.
Dessa forma, o preço um pouco mais elevado costuma ser um prêmio a se pagar pela maior quantidade de proventos ao investidor.
De qualquer forma, é preciso sempre que se estude cada empresa separadamente e sua conjuntura antes de se tomar a decisão de investir ou não em uma de suas ações ordinárias.
Ainda está com alguma dúvida sobre as ações preferenciais? Comente abaixo!