Alavancagem financeira: Quando tomar dívidas pode ser algo [BOM]

Você sabe o que significa alavancagem financeira? Este é um fator que pode afetar o grau de investimento das empresas listadas na bolsa de valores.

A alavancagem financeira pode impulsionar a rentabilidade, mas certamente aumenta o risco de uma empresa que a utiliza. Por isso, deve ser utilizado com moderação.

[sta_anchor id=”o” /]O que é a alavancagem financeira?o que é alavancagem financeira

A alavancagem financeira é definida pelo uso de recursos de terceiros com encargos fixos, que visam o aumento da variação do lucro.

Toda companhia pode operar através de duas fontes de recursos, que são o capital próprio e o capital de terceiros.

O capital próprio são os recursos provenientes dos acionistas , tanto daqueles que fundaram a companhia quanto os novos acionistas que compraram a ação depois do IPO.

Já o capital de terceiros provem de empréstimos e financiamentos.

Estas dívidas podem ser adquiridas de diversos credores, como por exemplo:

  • Fornecedores
  • Instituições financeiras
  • Participantes do mercado de capitais

Fornecedores

No caso dos fornecedores de insumos, o financiamento é de curtíssimo prazo. Aliás, pode ser muito interessante para a companhia operar com capital de giro negativo.

Este tipo de dívida não costuma colocar em risco a situação financeira de empresas saudáveis.

Por outro lado, no caso de empresas em uma situação financeira extremamente delicada, os fornecedores podem ficar sem receber, e exigir o pagamento.

Desta forma, o atraso neste tipo de pagamento é um sinal de alerta.

É fundamental não comprar ações de empresas problemáticas como neste exemplo.

Se você não sabe separar uma empresa saudável de uma empresa quase falida, não deixe de conferir os relatórios do Yellow Flag da Suno!

Instituições financeiras

Praticamente toda empresa possui algum tipo de dívida junto ao um banco, que pode ser privado, público, ou de desenvolvimento, como o BNDES.

Estas dívidas muitas vezes são fornecidas como linha de crédito de curto prazo, ou então, como um capital mais de longo prazo.

No caso do BNDES, esses empréstimos muitas vezes são concedidos com condições muito favoráveis através de juros subsidiados.

Enquanto esta política de subsídio tem como objetivo fomentar os negócios do país, muitas vezes pode incentivar casos de corrupção, como no caso da JBS.

Mercado de capitais

Por fim, a última forma das empresas se financiarem é através do mercado de capitais.

Aqui no Brasil, as Sociedades Anônimas (S/As) podem emitir debêntures, que podem ser adquiridas por pessoa física, se tratando, portanto, de um investimento em renda fixa.

As S/As também podem captar recursos no exterior, através da emissão de Bonds.

Como esta modalidade de financiamento é restrita a empresas de um porte elevado, a única opção para as empresas menores continua sendo as instituições financeiras.

Uma das vantagens para a companhia que emite as debêntures é dispor de um capital de longo prazo, que só será cobrado no vencimento do título, geralmente depois de anos.

E mesmo quando o vencimento se aproxima, é comum a prática de rolagem dessas dívidas.

Dessa forma, a empresa consegue ter maior tranquilidade em desenvolver suas operações sem precisar desembolsar recursos volumosos no curto prazo.

[sta_anchor id=”porque” /]Motivos que justificam uma alavancagem financeiraporque as empresas se alavancam

Do ponto de vista do acionista de uma empresa, é importante entender os motivos que levam a companhia a se endividar.

No caso de alguém que toma dinheiro emprestado, as dívidas costumam ser utilizadas para consumo.

Ao contrário da dívida pessoal, os recursos tomados emprestados tem como finalidade a alocação em projetos de negócios.

Dessa forma, se a empresa obtém uma rentabilidade sobre o capital superior aos juros devidos, isto é benéfico, pois ocorre a criação de valor ao acionista.

Além disso, existe um outro ponto.

Empresas endividadas possuem um benefício fiscal ao poderem deduzir o seu custo com juros no pagamento de imposto de renda sobre pessoa jurídica.

Sob a ótica dos retornos, essa captação de recursos externos deve fazer com que o lucro antes dos juros e impostos (EBIT) seja maximizado em conjunto com um retorno sobre o patrimônio atraente, de forma a justificar o endividamento tomado.

Exemplo hipotético

Imagine que uma determinada companhia não possuísse nenhuma dívida e apresentasse os seguintes resultados:

  • Receita líquida: R$ 800 milhões
  • EBIT R$ 200 milhões
  • Juros: R$ 0
  • Imposto de renda: 60 milhões (Alíquota: 30%)
  • Lucro líquido: R$ 140 milhões

Agora suponha que esta mesma empresa pegasse emprestado R$ 500 milhões no banco, pagando uma taxa de juros de 8% ao ano.

Dessa forma, os juros anuais são de R$ 40 milhões.

Só que esta mesma empresa consegue rentabilizar este capital a 10% no seu negócio, de forma a incrementar o seu EBIT em R$ 50 milhões.

Assim, no ano seguinte, e assumindo o mesmo nível de vendas e margens, os números seriam os seguintes:

  • Receita líquida: R$ 800 milhões
  • EBIT: R$ 250 milhões
  • Juros: R$ 40 milhões
  • Lucro antes de impostos: R$ 210 milhões
  • Imposto de renda: R$ 63 milhões
  • Lucro líquido: R$ 147 milhões

Portanto, ao final do segundo ano a empresa conseguiu criar R$ 7 milhões de valor aos seus acionistas, ou um crescimento de 5%, devido apenas a sua alavancagem financeira.

[sta_anchor id=”riscos” /]Exagerando na dose – os riscos de uma alavancagem financeira excessivariscos da alavancagem excessiva

Como esse processo depende exclusivamente de capital externo, muitas empresas preferem evitar utilizar seus recursos internos, ou seja, oriundos do fluxo de caixa da empresa, para utilizar o recurso de fora, mediante ao pagamento de juros.

E pelo mecanismo mostrado no exemplo anterior, isto a primeira vista é algo ótimo, pois cria valor aos acionistas.

Entretanto, a situação não é tão simples assim.

Primeiramente, a empresa pode não conseguir gerar os 10% de rentabilidade neste capital tomado emprestado.

Caso o retorno fosse menor do que 8%, a empresa teria que consumir o seu caixa para conseguir pagar estes juros.

Mas mesmo nos casos em que a empresa consegue uma rentabilidade superior ao custo do capital de terceiros, ela não pode se endividar indefinidamente.

Os motivos são simples.

Primeiramente, é cada vez mais difícil para um negócio conseguir rentabilizar o seu capital à medida que este capital cresce. É a lei dos retornos marginais decrescentes.

Além disso, à medida que uma empresa se endivida, seu risco tende aumentar e, portanto, o custo do capital de terceiros também aumenta.

Negócios cíclicos

Outro ponto que merece atenção quanto a essa estratégia diz respeito ao período em que a empresa e o mercado se encontram. Isso porque a alavancagem pode ser benéfica numa fase cíclica de expansão, e prejudicial numa fase de baixa.

Nesse caso, o profissional de controladoria deve estar atento aos indicadores de desempenho, realizando análise de cenários e sempre controlando o orçamento empresarial, de forma a justificar o endividamento.

Uma alavancagem financeira irresponsável pode se tornar uma abordagem especialmente perigosa caso seja tomada em empresas com resultados cíclicos, como nos setores de mineração, petróleo, siderúrgicas e de construção civil.

Existem investidores que não se sentem confortáveis ao investir em ações, justamente pelo fato das empresas possuírem dívidas.

Por estes motivos, muitas vezes estes investidores preferem aplicar em fundos imobiliários, que via de regra, não podem falir.

Se você tem este perfil, não deixe de conferir as recomendações do Professor Baroni!

[sta_anchor id=”avaliando” /]Analisando a alavancagem financeiraanalisando dividas

Para quem deseja investir em ações, é imprescindível conhecer as maneiras de medir a alavancagem de uma determinada empresa.

Basicamente, existem duas métricas principais, que são:

• Dívida líquida / Patrimônio líquido (DL/PL)
• Dívida líquida / EBITDA

Dívida líquida / Patrimônio líquido

O indicador DL/PL expressa a razão entre os recursos de terceiros e o capital próprio.

A dívida líquida compreende todos os empréstimos e financiamentos, de curto prazo e longo prazo, menos os recursos em caixa (disponibilidades).

Existem empresas que tem mais caixa do que dívidas e por isso, não faz sentido calcular nenhum destes indicadores. A empresa na prática não tem dívidas.

Este é o caso de empresas com política financeira conservadora, ou então, o caso de seguradoras e corretoras de seguros.

Além disso, no caso de bancos, a dívida faz parte da operação e, portanto, a melhor forma de avaliar o endividamento bancário é através do índice de Basileia.

Quando este indicador for superior a 100%, isto significa que a empresa possui mais capital de terceiros do que capital próprio.

Entretanto, analisar esta métrica não é tão simples assim.

Por exemplo, existem setores que trabalham com mais capital de terceiros em relação ao capital próprio.

De fato, este é o caso das empresas de varejo de moda, que costumam alugar suas lojas.

Já as empresas industriais costumam registrar ativos relevantes em seu balanço patrimonial.

Por isto, a forma correta de avaliar este indicador de alavancagem financeira é comparando empresas de um mesmo setor.

Se você deseja aprender mais sobre análise de balanços, confira o vídeo abaixo em que o CEO e fundador da Suno, Tiago Reis, explica como realizar esta análise:

Mas só isso não é suficiente para determinar o endividamento de um negócio.

É preciso também olhar o próximo indicador.

Dívida líquida / EBITDA

Este indicador compara a dívida líquida com o lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (EBITDA).

O EBITDA é um valor que tenta aproximar a geração de caixa operacional de uma determinada companhia. E por este motivo, não considera o pagamento de juros e nem de impostos.

Dessa forma, ao calcular a DL/EBITDA, consegue se ter uma ideia de quantos anos levaria para uma empresa quitar sua dívida com base na sua geração de caixa.

De fato, este é um indicador mais genérico, permitindo comparar empresas de diferentes setores.

Entretanto, também não é livre de críticas.

Warren Buffett, por exemplo, não gosta de avaliar lucros através do EBITDA, pois várias empresas precisam pagar juros enormes, além de precisarem investir na manutenção de capital.

Por exemplo, uma empresa que apresente uma Dívida Líquida/EBITDA de apenas uma vez está com um endividamento baixo?

Não necessariamente. A empresa pode estar deixando de realizar investimentos no seu negócio, que poderão afetar a geração de caixa no futuro.

Por este motivo, a maneira ideal seria considerar o EBITDA projetado, apesar de que na prática de mercado, costuma se utilizar valores históricos.

[sta_anchor id=”alavancagem” /]Alavancagem para investidores

Assim como as empresas buscam gerar valores aos seus acionistas através do endividamento de longo prazo, esta lógica também vale para os investimentos.

É muito comum no mercado financeiro os traders alavancarem seu patrimônio para poder aumentar os retornos dos seus investimentos.

Porém, o indicado antes de realizar um trade, é saber muito bem qual será o ponto de entrada, o capital mínimo, stop loss e o calculo do risco antes mesmo de decidir arcar com algum endividamento.

Existe sempre um grande perigo escondido em se tentar ganhar muito dinheiro em somente uma operação alavancada. Os acertos podem ser até calculados e limitados, porém os erros podem vir com prejuízos irreparáveis ao patrimônio dessas pessoas.

Para a equipe da Suno, a primeira regra de investimento sempre será a preservação do capital dos assinantes, antes mesmo deles começarem a ganhar dinheiro com as boas análises de investimentos fazemos.

Dessa forma, o mais indicado para as pessoas físicas é que pequenas operações sejam realizadas de forma que, no médio e longo prazo, o investidor tenha a tranquilidade que seu capital está protegido a grandes revezes de mercado.

E sempre através do uso exclusivo de capital próprio, sem tomar dívidas.

[sta_anchor id=”conclusao” /]Conclusão sobre a alavancagem financeira

Através do que foi dito, é possível concluir que a ferramenta de alavancagem pode ser um grande aliado para o crescimento dos resultados de uma empresa, pois através dele é possível se obter mais retornos com menos trabalho.

No entanto, estudos e métricas de alavancagem financeira devem ser sempre revistos, pois essa estratégia agrega riscos à operação caso alguma mudança macroeconômica venha a atingir o faturamento da empresa no futuro.

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Rodrigo Wainberg
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1 comentário

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  • Carimi 30 de março de 2020
    Em qual situação empresarial os empréstimos a longo prazo propiciam alavancagem financeira ou pode ser um componente desejável na estrutura de capital?Responder

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