As Piores Crenças dos Investidores Iniciantes

Com a enxurrada de novos investidores no mercado de ações, muitos boatos sobre o mercado financeiro vêm à tona. Em meio a tantas crenças, identificar as falácias se torna uma tarefa árdua. Ninguém melhor para derrubar alguns mitos do que Peter Lynch, investidor que dedicou um capítulo de seu livro magnífico, One Up on Wall Street, para abordar tal assunto.

Nascido em Newton (EUA), em 1944, Peter Lynch foi um dos maiores gestores de fundos de investimento da História. Com sua admirável performance no comando do Fidelity Magellan Fund, Lynch retornou 29,2% ao ano aos cotistas durante o período de 1977 a 1990. Isso significa que, se você tivesse investido R$10.000,00 em 1977, ao final de 1990 você teria aproximadamente R$280.000,00.

Tal façanha tornou o investidor mundialmente conhecido e este decidiu escrever alguns livros para divulgar uma pequena parcela de seu vasto conhecimento. Três livros foram escritos por Lynch: “One Up on Wall Street”, em 1989, “Beating the Street”, em 1993 e “Learn to Earn”, em 1995.

O décimo oitavo capítulo de seu primeiro livro traz algumas crenças que investidores iniciantes costumam defender e que não se mostram verdadeiras. Apresentarei, a seguir, os boatos que julgo mais relevantes por serem capazes de destruir riquezas ou levarem os investidores a perder excelentes oportunidades.

 

Se a ação caiu tanto, ela não pode cair mais

Este boato é um clássico. Um bom exemplo levantado por Lynch em seu livro é o caso da Polaroid. A gigante, que um dia foi considerada uma blue-chip, viu seus lucros e vendas colapsarem, o que levou a ação a perder boa parte de seu valor.

O papel, que chegou a custar US$143,50, despencou em ritmo acelerado e muitos acionistas começaram a afirmar que não poderia cair mais quando a ação atingiu US$100,00. Entretanto, como sabemos, uma ação não possui limite para a perda de valor e, no caso da Polaroid, os acionistas que divulgavam tal falácia não poderiam estar mais errados.

Em poucos meses a ação atingiu US$80,00 e, algum tempo depois, US$50. Neste momento, creio que todos os acionistas acreditavam que a cotação tinha atingido o fundo. Certamente eles se arrependeram, pois, em menos de um ano, a ação, que estava cotada em US$143,50, perdeu parte significativa de seu valor e passou a ser cotada próximo de US$14,00.

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Se ela já subiu tudo isso, como poderia subir mais?

Muitas pessoas que olham apenas para as cotações das ações costumam acreditar neste boato. É uma pena, pois elas nunca comprariam ações da Microsoft ou da Philip Morris. A ação da companhia de tabaco foi um dos papéis com melhor performance na História.

Você poderia ter comprado a ação na década de 1950 por apenas US$0,75. Na década seguinte, em 1961, o papel era cotado a US$2,50. Neste momento, muitas pessoas diziam que “a ação já subiu muito”.

Onze anos depois, a ação era negociada a sete vezes o preço de 1961 e vinte e três vezes o preço da década de 1950. Quem segurasse o papel por algumas décadas veria seus US$0,75 crescerem para US$124,50, o que levaria um investimento de US$1.000,00 para US$166.000,00, sem incluir os US$23.000,00 em dividendos que você ganharia ao longo do tempo.

 

A ação custa apenas R$3: o que eu posso perder?

Quantas vezes você ouviu pessoas dizerem isso? Talvez você tenha dito isso também. Você se depara com uma ação que é vendida por R$3,00 e rapidamente já está pensando, “é muito mais seguro do que comprar uma ação de R$100,00”.

Não importa se a ação custa R$100,00 ou R$1,00, se ela for para R$0, você perderá tudo. Não importa quanto custa uma ação, os prejuízos e lucros serão sempre proporcionais ao montante investido.

O ponto é que uma ação cujo preço é menor que R$10,00 é tão arriscada quanto uma ação que custa mais de R$1000,00. Não importa a ação que você está comprando, o risco máximo sempre será igual: perder tudo.

 

Existem muitos outros boatos no mercado de ações e Peter Lynch comenta sobre doze deles no décimo oitavo capítulo de seu livro One Up on Wall Street. A leitura é muito interessante e pode quebrar certas crenças equivocadas que você pode ter construído ao longo de sua jornada nos investimentos. Recomendo a leitura a qualquer leitor, pois seguramente o tornará um investidor melhor.

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Tiago Reis
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