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Cashless: A Tendência de Eliminar o Dinheiro Físico (Parte II)

eliminação do dinheiro físico

Seguindo a linha de raciocínio do Suno Call de ontem, abordarei hoje as vantagens e desvantagens da tendência atual da eliminação do dinheiro físico.

Anteriormente, comentei sobre a tendência atual da Suécia em se tornar uma sociedade que não utiliza dinheiro físico (cashless). Vale destacar que isto não é uma particularidade desse país. Em outros lugares da Europa, a situação cashless também já está caminhando para uma realidade.

De acordo com o UK Finance, as transações por meio de cartão de débito superaram as transações em dinheiro, no Reino Unido, pela primeira vez em 2017. Além disso, no país, apenas 34% dos pagamentos são feitos em dinheiro.

De fato, o Reino Unido ainda está mais distante de se tornar cashless do que a Suécia. Porém, com o constante desenvolvimento da tecnologia, somos levados a situações nas quais usar dinheiro físico não é prático.

No entanto, ao mesmo tempo, as sociedades desenvolvem dependências em relação a estes novos métodos digitais de pagamento. Os benefícios atrelados a esta dependência não vêm “de graça”, há riscos associados.

Riscos Atrelados à Mudança para Cashless

Grupos, tanto de pessoas idosas quanto de indivíduos de baixa renda, acabam sendo colocados em risco de exclusão financeira. Pequenos negócios se tornam mais suscetíveis à perda de clientes. Além disso, as potenciais consequências de ataques cibernéticos e interrupções de serviço aumentam drasticamente.

Para exemplificar esta última situação, podemos tomar o Grande Blackout do Nordeste Americano de 2003 (Great Northeast Blackout of 2003).

Nesta situação, cerca de 10 milhões de pessoas em Ontário (Canadá) e 45 milhões de pessoas de oito estados Americanos ficaram sem energia por cerca de dois dias, devido a um bug no sistema de energia.

Claro que um cenário como este é raro, e pouco provável de se repetir. Mas, neste caso, muitas pessoas que dependiam exclusivamente de meios digitais de pagamento ficaram impossibilitadas de utilizá-los. Com os bancos também fechados, apenas quem possuía dinheiro físico naquele momento pôde usufruir de certos serviços.

Num exemplo mais recente, em meados de 2018, os sistemas de pagamento da Visa na Europa sofreram interrupções de funcionamento. Sendo assim, muitos negócios e clientes, ao redor do continente, ficaram impossibilitados de receber ou realizar pagamentos por cartões de crédito.

Neste sentido, cabe ressaltar que mais de 95% dos cartões de débito do Reino Unido rodam na rede da Visa.

Vantagens de Uma Sociedade Cashless

Dinheiro físico é facilmente roubado. Além disso, transações ilegais não podem ser rastreadas neste caso, o que pode ser feito numa sociedade sem dinheiro em espécie. Adicionalmente, lavagem de dinheiro e evasão de impostos se tornam mais difíceis.

Fabricar notas e moedas tem um custo. Para os negócios, guardar dinheiro, bem como depositá-lo ou sacá-lo, também incorre em custos significativos, dependendo do volume movimentado.

Se dois países podem lidar com transações digitais, há facilidade para utilização da moeda de ambos, apenas se utilizando de um meio digital.

Desvantagens de Uma Sociedade Cashless

A privacidade pode ser comprometida. Mesmo que não se tenha nada a esconder, as informações de pagamento podem ser utilizadas de maneiras imprevisíveis.

Eventuais brechas de segurança podem ser exploradas por indivíduos com más intenções. Apesar de proteção por lei, a vítima deve sofrer com inconvenientes.

Erros, paradas e outros equívocos podem causar problemas, impedindo a capacidade de utilizar o dinheiro, conforme ocorreu com a plataforma da Visa.

Pessoas que não possuem contas bancárias ou que possuem poucas condições financeiras sofrerão com a falta de dispositivos para realizar pagamentos. O Reino Unido já testa métodos de pagamento sem contato para doações de caridade, mas ainda há um longo caminho a percorrer.

Num ambiente com poucas opções de métodos de pagamento, controlados por grandes instituições, é de se esperar que existam tarifas significativas.

Em um cenário no qual todo dinheiro é eletrônico, se os órgãos financeiros decidem por uma taxa de juros negativa, bancos podem repassar estas taxas aos clientes. Sem dinheiro em espécie a ser sacado, não há como evitar as taxas negativas.

 

Assim, diante do que expus nesta série de dois artigos a respeito das sociedades se tornarem cashless, fico a refletir: será que o dinheiro como conhecemos hoje se tornará, definitivamente, um artigo de museu?

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