O cisne negro é um conceito criado pelo filósofo Nassim Taleb. Segundo ele, esse evento pode ser considerado um outlier, ou em português, “um ponto fora da curva”.
Isso significa que o cisne negro pode ser considerado uma crise ou um evento de extrema raridade e que provoca um impacto violento sobre o qual faz as pessoas tenderem a olhar em retrospecto.
Eventos como crises globais, atentados terroristas em grande escala como o de 11 de setembro, a ascensão do Google, são exemplos de cisnes negros que são praticamente impossíveis de serem previstos.
No entanto muitas pessoas, em retrospecto, constroem explicações sobre as quais fizeram o acontecimento desses fatos.
Reflexão
Segundo Taleb, a natureza humana nunca foi preparada para assimilar cisnes negros.
A fim de que um acontecimento, para nós, faça sentido, tendemos a “forçar uma ligação lógica”, como ele diz, para amarrar fatos, através de “flechas de relacionamento” – pois é mais fácil, para nós, lembrarmo-nos de uma sequência de eventos, logicamente encadeados, do que armazenar ocorrências aparentemente díspares.
Ainda segundo Taleb, o ser humano, normalmente, é sedento por regras, e tem uma preferência por histórias compactas e que fazem alguma lógica depois de ocorridas.
O perigo dessa visão é que a simplificação foge totalmente da realidade complexa entre as relações interpessoais.
Uma outra definição
Novamente de acordo com Taleb, outra conceituação de cisne negro é quando esse evento foge a todas as simplificações impostas pelas pessoas e pelos agentes de mercado.
Num mundo cada vez mais globalizado, é muito difícil para qualquer ser humano prever um grande acontecimento, que muitas vezes depende de milhares ou até mesmo milhões de variáveis.
Para se adaptar a vida moderna, Taleb recomenda a todas as pessoas que façam o que ele denomina por prática da incerteza.
Nesse sentido, ele divide o mundo entre o “mediocristão” e o “extremistão”.
A grande maioria das pessoas prefere viver no mediocristão, pois nela é onde se encontra o óbvio, o rotineiro e, sobretudo o consenso.
Já do outro lado, uma minoria prefere viver no extremistão, onde se reina o imprevisível, o diferente e o singular.
Agora, tente adivinhar em qual dos dois “mundos” se está melhor equipado para encarar um cisne negro?
Acontece que viver no extremistão requer uma resistência pessoal e intelectual, evidentemente, fora do comum.
É nesse terreno onde podemos encontrar os grandes investidores e empresários de sucesso e, para eles, o sucesso não está no excesso de planejamento, mas sim num bom faro por oportunidades e num pensamento sempre independente do que é consensual.
Exemplo de cisne negro – Crise de 2008
A crise de 2008 foi um evento global, do qual pegou países inteiros desprevenidos.
Embora observando em retrospecto que os calotes e os derivativos estavam aumentando gradativamente desde 2006, a totalidade dos países desenvolvidos não esperavam que esse evento desencadeasse uma crise de proporções mundiais, muito embora, alguns muito poucos investidores estivessem se preparado para eventos desse tipo (totalmente inesperados) em suas carteiras e fundos de investimentos, fazendo caixa, ou apostando contra os índices de mercado.
Conclusão
Conforme mencionado, eventos que tendem a fugir da normalidade e serem pontos da curva são, de acordo com Nassim Taleb, considerados como cisne negro e, por conta disso, quando acontecem tendem a gerar grandes reflexões, e até mesmo mudanças significativas, no que até então podia ser considerado um consenso para a grande maioria das pessoas.