Para analisar um setor, é importante que o investidor esteja essencialmente interessado em avaliar três pontos:
- A capacidade das companhias de tal setor de gerar fluxos de caixa;
- O potencial de crescimento que estes fluxos de caixa apresentam; e
- Os riscos relacionados ao recebimento destes fluxos de caixa.
É preciso, portanto, avaliar o potencial de crescimento do setor em relação à economia como um todo.
O impacto da demanda de bens ou serviços do setor
O crescimento esperado de um setor é determinado pela demanda por seus bens ou serviços.
É importante dizer que a demanda por bens e serviços se altera em função de uma série de variáveis, como gostos e necessidades do consumidor, demografia, além da renda disponível da população.
Adicionalmente, também deve ser levado em consideração o estágio do ciclo em que a economia se encontra, uma vez que certos setores tendem a performar melhor em determinados estágios do ciclo econômico.
Além disso, devemos observar que a demanda de alguns bens, como carros, varia de acordo com o estágio do ciclo econômico, enquanto a demanda por alimentos, por exemplo, não tem sensibilidade a este aspecto.
Deste modo, o investidor precisa ter o entendimento da demanda pelos bens e serviços do setor considerado e como tal demanda se relaciona com o cenário econômico.
A lucratividade do setor
A capacidade de um determinado negócio de gerar dinheiro é uma função da sua lucratividade.
Uma empresa faz investimentos em fatores de produção, vende bens ou serviços e, por último, recebe um retorno sobre seu investimento, que pode ser reinvestido ou distribuído para seus donos.
A lucratividade, por sua vez, é uma função do nível de competição dentro de um setor, da demanda pelos bens e serviços do setor, bem como da sensibilidade do consumidor ao preço dos bens e serviços do setor.
Um setor lucrativo – com base, por exemplo, no ROE – irá atrair mais competidores. Quando há um aumento da competição, o fornecimento de bens e serviços tende a crescer acima da demanda, gerando uma eventual queda de preços.
Por outro lado, se o setor não é lucrativo, haverá um fluxo de saída de companhias deste setor. Assim, à medida que a concorrência diminui, a indústria deve ficar lucrativa para os participantes remanescentes.
O modelo de Porter como ferramenta de análise das forças competitivas
Em 1979, a Harvard Business Review publicou um artigo escrito por um jovem – e relativamente desconhecido – economista chamado Michael Porter.
O artigo, cujo título traduzido ao português seria “Como as Forças Competitivas Moldam as Estratégias”, se tornou um elemento básico e fundamental dos ensinamentos de escolas de negócios, moldando a abordagem das novas gerações de analistas e gestores de negócios.
O modelo de Porter oferece uma abordagem que permite ao investidor em valor avaliar a sustentabilidade de um setor e, por extensão, a sustentabilidade do modelo de negócios de uma empresa.
Embora cada uma das forças de Porter seja tratada individualmente, devemos olhar para elas como um todo, considerando o conjunto. As cinco forças são:
- Ameaça de novos entrantes;
- Poder de barganha dos fornecedores;
- Poder de barganha dos clientes;
- Ameaça de produtos ou serviços substitutos;
- Competição entre empresas existentes.
Trata-se, portanto, de um modelo de extrema importância para as análises. Todo investidor deveria conhecer. Para aprender com maiores detalhes, leia o nosso artigo sobre as cinco forças de Porter.