Custo de produção: a contabilidade fundamental de uma empresa
O estudo da contabilidade do custo de produção surgiu há muitos anos, junto com o advento da revolução industrial.
O objetivo de estudar o custo de produção é elaborar um inventário disponível em um determinado período de produção, no qual se procura identificar o valor dos produtos fabricados.
O que é o custo de produção?
O custo de produção nada mais é do que o valor de bens e serviços consumidos na produção de outros bens ou serviços. Ele é uma ferramenta muito utilizada pelas empresas em geral, como um conceito que serve de base para a tomada de decisões sobre a sustentabilidade de um determinado empreendimento.
Para a sobrevivência de uma companhia, esse estudo é um dos temas de maior importância dentro de uma análise de viabilidade econômica, servindo como indicativo para a escolha das melhores alternativas de produção visando sempre a maximização dos retornos.
Como atualmente o mercado se encontra cada vez mais competitivo e inovador, a alternativa de sempre procurar reduzir os custo de produção de uma empresa pode ser muito favorável de modo a tornar a empresa mais preparada para servir o consumidor com menores preços.
- Análise do custo de produção
- Exemplos de custo de produção
- Classificação do custo de produção
- Conclusão sobre o custo de produção
A análise do custo de produção[sta_anchor id=”1″ /]
Para calcular o custo de produção, o empreendedor deve considerar três grandes grupos de gastos: mão de obra, materiais e custos gerais de fabricação (depreciação, energia elétrica, manutenção).
Já para calcular o custo da matéria-prima, o empreendedor precisa levar em consideração todos os valores que estão envolvidos. Devem ser inclusos o preço do material, frete, valores de seguros e impostos.
Para obter o custo da mão de obra, deve ser incluído nos cálculos o salário bruto dos funcionários, os encargos sociais em geral, além de uniformes, EPI’S e treinamentos.
Com a soma de todas essas variáveis em mãos, o empreendedor deverá multiplicar as horas diárias de trabalho com os dias úteis do ano. Desse modo, dividindo o total gasto com funcionários pelas horas trabalhadas você chega ao custo da hora de trabalho.
Por fim, outros cálculos deverão ser inclusos nessa conta dos custos de produção. Os valores de aluguel, maquinários, custos de manutenção, depreciação dos equipamentos entre outros.
Percebam que essas variáveis são muito mais inconstantes e devem ser acompanhadas com mais cuidado pelo responsável por fazer esses cálculos.
A diferença entre custos e despesas
Muitas pessoas não sabem, mas há diferença entre o conceito de custos e despesas.
Os custos dizem respeito a fatores diretamente relacionados à produção. Como por exemplo: Matérias-primas, salários, custo da fábrica.
Já as despesas dizem respeito aos gastos necessários para manter a empresa funcionando, mas que não diretamente ligados à produção.
Um bom exemplo de despesa muito comum é as despesas com marketing.
Custos caixa e custos não caixa
Uma outra distinção importante a respeito dos custos é separar os custos com efeito caixa dos custos não-caixa.
Os custos com efeito caixa dizem respeito aos custos que impactam diretamente o caixa da companhia, ou seja, há a saída de recursos financeiros da empresa. Como por exemplo: Pagamento de salários e o pagamento de fornecedores.
Já os custos não caixa não apresentam uma saída financeira.
Um exemplo muito comum de custo não caixa para as empresas é a depreciação das máquinas utilizadas.
Exemplos de Custo de produção[sta_anchor id=”2″ /]
Existem diversos custos envolvidos em um processo de produção.
Entre eles é possível citar:
- Custo variável
- Custo fixo
- Custo total
- Custo marginal
- Custo de oportunidade
Abaixo serão definidos estes custos bem como apresentados exemplos para facilitar o entendimento.
Custo variável
Um dos fatores mais importantes na análise dos custos é saber distinguir os custos fixos dos custos variáveis.
Custos variáveis são todos aqueles que variam conforme a quantidade produzida.
Sempre que você estiver em dúvida se um custo seria fixo ou variável cabe fazer a pergunta “Se eu aumentar a produção esses custos também aumentarão?”
Se a resposta para esta indagação for positiva então você se encontra diante de um custo variável.
O exemplo mais prático de custo variável diz respeito às matérias-primas.
Imagina por exemplo uma empresa que fabrica cervejas, seus custos variáveis de matérias-primas incluem:
- Água
- Malte
- Lúpulo
- Levedura
No entanto, as matérias-primas não são os únicos custos variáveis.
O salário dos trabalhadores também pode ser considerado um custo variável. Imagine, por exemplo, que esta fábrica de cerveja deseja dobrar o volume da produção.
É de se esperar, portanto, que seja necessário contratar novos empregados. Portanto, o gasto com salários vai oscilar conforme a quantidade produzida. Ou seja, este é um custo variável.
Custo variável médio
O custo variável médio é outra medida importante. Ele diz respeito ao custo variável para cada unidade produzida.
Suponha, por exemplo, que a fábrica de cerveja citada acima tem um custo variável total de R$ 1 milhão.
Se ela produzir 500 mil unidades o custo variável médio será então:
1 milhão / 500 mil = R$ 2 por unidade
Esta conta é importante para a correta precificação do produto no momento da venda.
Custos fixos
Os custos fixos podem ser considerados, de certa forma, o oposto dos custos variáveis.
Como o nome indica, os custos fixos não variam de acordo com a quantidade produzida.
Um exemplo pode ser considerado o aluguel de uma fábrica ou galpão logísticos.
Independente da quantidade produzida a empresa precisa pagar mensalmente o mesmo valor de aluguel para fábricas ou galpões logísticos.
Custo fixo médio
Assim como no caso do custo variável médio, o custo fixo se trata do custo fixo total divido pela quantidade produzida.
Suponha por exemplo que a empresa produtora de cervejas gasta um total de R$ 100 mil entre aluguel de fábricas e galpões logísticos. Dividindo este valor pela quantidade produzida de 500 mil unidades temos que:
100 mil / 500 mil = R$ 0,20
Ou seja, tem-se um custo fixo de 20 centavos por unidade produzida.
Custo total
O custo total como o nome indica não é nada mais que a soma de todos os custos envolvidos na produção.
Como os custos são considerados ou custos variáveis ou custos fixos, o custo total acaba por ser a soma destes dois componentes.
Retornando ao exemplo anterior temos então que o custo total é de:
1 milhão + 100 mil = 1,1 milhão
Custo total médio
O custo total médio é obtido através da divisão do custo total pela quantidade produzida. Neste caso:
1,1 milhão / 500 mil = R$ 2,20
Uma outra forma de se obter o custo total médio é somando diretamente o custo variável médio com o custo fixo médio, neste caso tem-se que:
0,20 + 2 = 2,20
O dado do custo total médio é crucial para a precificação de um produto.
Como o objetivo de toda empresa é entregar lucro aos seus acionistas é de se esperar que o preço tenha de ser no mínimo maior que o custo total médio.
Caso contrário, a operação irá gerar prejuízo.
Por isso, é extremamente importante saber calcular o custo total médio do produto vendido.
Uma boa gerência de custos é, inclusive, uma forma de vantagem competitiva por parte das empresas.
No vídeo abaixo é explicado mais sobre está e as demais forma de vantagens competitivas.
Custo marginal
O custo marginal é menos conhecido do que os custos previamente apresentados.
No entanto, ele é igualmente importante.
O custo marginal é essencial para a empresa definir a quantidade que será produzida.
O custo marginal diz respeito a qual é o custo de se produzir uma unidade a mais do que a produção atual.
Ou seja, suponha que a companhia de cerveja deseja produzir uma unidade a mais de cerveja, elevando sua produção para 500.001. O custo de fazer esta unidade adicional será considerado o custo marginal.
A empresa deve então calcular qual o retorno esperado dessa unidade a mais produzida. Se o retorno for superior, a companhia deve produzir uma unidade a mais.
Este processo se repete até que o custo marginal seja igual ao retorno obtido pela produção de uma unidade adicional. Ao chegar neste ponto a empresa encontrou o seu ponto ótimo de produção.
Isto ocorre pois produzir uma unidade a mais não traria nenhum retorno adicional, e ao produzir uma unidade a menos a companhia abriria mão de maiores lucros.
Um fato interessante de se notar sobre o custo marginal é que ele é muito alto no início e depois vai se reduzindo.
Retornando ao exemplo da fábrica de cervejas, imagine que a companhia produz atualmente 0 unidade.
Para entrar no mercado e produzir a primeira unidade a companhia irá incorrer em custos altíssimos. Pois necessita comprar uma fábrica, comprar toda a matéria prima, contratar trabalhadores, etc….
No entanto, uma vez que a empresa já está em operação, produzindo, suponha, 100 mil unidades, para produzir uma unidade adicional se torna muito mais fácil, basta adquirir mais matéria-prima.
Custo de oportunidade
Você sabia que morar em um apartamento de sua propriedade tem o custo?
E não se fala aqui do custo de condomínio ou IPTU. Se trata de outro custo muito ignorado pela população, é o custo de oportunidade.
O custo de oportunidade diz respeito ao que você perder por abrir mão da melhor possibilidade alternativa à sua escolha.
Por exemplo, em vez de morar em seu apartamento você poderia alugá-lo. Portanto, este também é um custo envolvido nesta operação.
A este custo se dá o nome de implícito, pois ele deve ser estimado e não está explícito no processo.
O custo de oportunidade está presente no dia a dia das pessoas e também no dia a dia das empresas.
Imagine por exemplo que uma companhia resolver focar em determinado nicho de mercado.
Ao escolher este nicho a companhia está abrindo mão de outros mercados e de obter retornos nos mesmos.
Portanto, ao optar por um nicho deve se considerar todas as oportunidades preteridas.
Para assim escolher pela melhor oportunidade possível e ter condições de maximizar o retorno aos acionistas.
Classificações do custo de produção[sta_anchor id=”3″ /]
Existem duas classificações básicas para a determinação dos custos de produção, são elas: a priori e a posteriori.
Custos a priori
Na classificação a priori, o custo é estimado antes que o processo produtivo ocorra.
Ele pode ser utilizado muito em projetos ainda pré-operacionais no qual se pretende realizar a previsão dos fluxos de caixa futuros.
De forma geral, essa é uma ferramenta que ajuda na tomada de decisão de modo a garantir a melhor rentabilidade de acordo com o estimado pelo método de produção escolhido.
Ainda, estabelecer os custos a priori é essencial para captar recursos para determinado projeto.
Ao se captar empréstimos os credores desejam saber quais os custos envolvidos nos projetos.
Para um projeto ser considerado viável economicamente ele necessita ter suas receitas superiores aos custos, isto levando em consideração também o custo da captação da dívida, caso esta exista.
É necessário também que o retorno estimado do projeto seja superior ao custo da dívida capitada. Caso contrário, o projeto será inviável economicamente.
Imagine, por exemplo, que um empreendedor consegue captar dívida a um custo de 10% ao ano.
Para se ter um projeto viável, o retorno estimado tem que ser no mínimo superior a esta taxa.
Suponha, por exemplo, que o retorno estimado seja de 11%. Isso significa que o empreendedor terá na prática um retorno de 1% ao ano (11% do projeto menos 10% da dívida).
Quanto maior a diferença entre o retorno do projeto e o custo de captação da dívida maior o retorno para a empresa.
A esta diferença se dá o nome de spread.
Custos a posteriori
Já a classificação de custos a posteriori, o custo é obtido após a realização do processo produtivo. Percebam que nesse caso, o cálculo será muito mais preciso, pois os números colhidos terão sido observados e catalogados de forma realista após a realização do processo.
Embora os cálculos dos custos a priorisejam feitos com cuidado e detalhados muitas vezes eles podem não condizer com a realidade.
Afinal, o planejamento empresarial pode reservar surpresas e mudanças de rota.
Por isso, é necessário sempre um acompanhamento detalhado da evolução dos custos dos negócios, de forma a saber como minimizá-los e de forma também a determinar se o projeto segue sendo economicamente viável.
Conclusão sobre o custo de produção[sta_anchor id=”4″ /]
Por fim, é muito importante lembrar que caso uma estimativa de custo de produção seja feita, ela deve ser muito bem analisada, pois erros nesses cálculos podem acarretar em grandes prejuízos econômico-financeiros, de modo que ele deve ser realizado por profissionais capacitados para essa área.