Para quem investe no mercado de capitais, compreender o conceito de depreciação é fundamental para que se entenda melhor a definição do Ebitda, que é considerado por muitos analistas como uma proxy da geração de caixa de uma companhia.
Mesmo assim, muitos investidores não conhecem, ainda, o racional que existem em relação à depreciação e, nessa conjuntura, o objetivo desse artigo é justamente minimizar essa incompreensão bastante comum observada no mercado.
Depreciação – Conceito
A depreciação pode ser entendida como um recurso contábil que tem por objetivo atribuir um custo financeiro de um ativo tangível ao longo da sua vida útil.
Neste sentido, as empresas consideram esse tipo de conceito contábil dos seus ativos de longo prazo para fins fiscais e contábeis.
Para fins fiscais, as empresas podem deduzir o custo dos ativos tangíveis que compram como despesas comerciais; no entanto, as empresas devem depreciar esses ativos de acordo com as normas contábeis que dizem respeito a como e quando a dedução pode ser efetivamente estabelecida.
Normalmente este é recurso contábil geralmente avaliado como um conceito difícil para quem se propõe a estudar sobre contabilidade, pois não representa, de fato, o fluxo de caixa real.
A depreciação é uma convenção contábil que permite que uma empresa anule o valor de um ativo ao longo do tempo, mas, para fins de contabilidade, a despesa relacionada a esse conceito contábil não representa uma transação de caixa, e sim indica quanto do valor de um ativo foi usado ao longo do tempo.
A título de exemplificação, consideremos que se uma empresa compra uma peça de equipamento por R$ 50.000,00, a mesma pode considerar, em sua contabilidade, o custo total do ativo no primeiro ano, ou pode escrever o valor do ativo sendo diminuído durante a vida útil do mesmo, que nesse caso hipotético, é considerado de 10 anos.
É por isso que, normalmente, os empresários simpatizam com esse recurso contábil.
A maioria dos proprietários de empresas prefere gastar apenas uma parcela do custo, o que aumenta artificialmente o lucro líquido no período de aquisição do mesmo.
Além disso, o equipamento em questão pode ser vendido, vamos supor, por R$ 10.000,00, que foi o seu valor após a desvalorização natural que ocorre naturalmente em um processo de revenda.
Entretanto, não há como negar que a empresa em questão possui, de fato, um real o valor real referente a montante financeiro a considerar como um ativo em seu balanço patrimonial.
Dito isso, normalmente o contado, utilizando-se desse princípio contábil, calcula a despesa de depreciação como a diferença entre o custo do bem e o seu valor de revenda, dividido pela vida útil do ativo.
O cálculo neste exemplo seria, então, desenvolvido da seguinte maneira:
Depreciação = (R$ 50,000 – R$ 10,000) / 10
O de acordo com a equação acima, portanto, a depreciação, neste caso, seria então de R$ 4.000,00.
Isso significa que o contador da empresa não precisa descontar do fluxo de caixa da empresa os R$ 50,000 inteiros, mesmo que esse tenha disso o valor pago em dinheiro.
Em vez disso, a empresa precisa considerar o desconto de R$ 4.000,00 em cima do lucro líquido.
Ou seja, a empresa terá que considerar o desconto, em suas Demonstrações do Resultado do Exercício, de mais R$ 4.000 no próximo ano, e outros R$ 4.000 no ano seguinte, e assim por diante, até que o valor do equipamento seja completamente cancelado no décimo ano após a sua aquisição.
Conclusão
De fato, esse conceito é complexo, chegando a ser discutido durante semestres inteiros em cursos superiores.
Entretanto, para um investidor, compreender a essência da depreciação é o necessário, e pode contribuir de maneira direta para os seus resultados no que diz respeito a uma análise fundamentalista de uma empresa de capital aberto.