Você já ouviu falar em economia comportamental? Este é um campo relativamente novo no mundo econômico, mas que tem atraído muita atenção.
A economia comportamental se dedica a estudar o comportamento das pessoas. Tomando como base, ao contrário de outras escolas econômicas, que o ser humano age com base em suas emoções. Ou seja, o ser humano não é 100% racional.
O estudo deste campo da economia, trouxe várias aplicações para os investimentos em bolsa de valores, como por exemplo:
Você já ouviu algum investidor dizer a seguinte frase: “Eu tenho esta ação, mas não gosto desta empresa, estou só esperando chegar no preço que paguei para me livrar dela!”?
Esta frase é muito mais comum do que deveria ser no mundo dos investimentos. Ela está associada diretamente a um viés muito comum do investidor, a aversão à perda.
O investidor tem dificuldade em assumir que cometeu um erro, seja por vaidade, ou por vergonha de contar as outras pessoas sobre o seu erro.
Isto acabar por fazer com o investidor sofra grandes prejuízos financeiros.
Pois ele acaba por manter um ativo muitas vezes sem perspectivas de alta, ou até com perspectiva de baixa, somente por conta da incapacidade de realizar uma perda financeira.
A aversão à perda é somente um dos vieses que podem prejudicar a jornada de um investidor. Todos esses vieses mentais são tema da economia comportamental.
Durante muito tempo se acreditou que o agente tomador da decisão econômica era um sujeito 100% racional. Ou seja, uma pessoa que sempre maximiza a sua utilidade e que é capaz de tomar sempre a melhor decisão.
Esta corrente de pensamento é de uma escola econômica chamada de utilitarismo. A corrente tem este nome pois acredita que a pessoa sempre tomará a melhor decisão, de forma a maximizar sua utilidade.
A grande verdade, porém, é que o ser humano não é 100% racionaisl. Seres humanos são regidos por emoções e paixões que afetam, diretamente, a tomada de decisão.
Surgiu, portanto, uma nova teoria na economia, denominada de economia comportamental.
Esta teoria se propôs a entender o agente tomador de decisão de forma muita mais próxima do que ele realmente é, considerando suas falhas e virtudes.
Da teoria da economia comportamental, surgiu o etema das finanças comportamentais.
Finanças comportamentais nada mais é do que a aplicação da teoria da economia comportamental em finanças, mais especificamente, no universo dos investimentos.
Para o bom ou para o mal, as emoções do investidor afetam definitivamente o seu resultado final.
É necessário, então, que o investidor tenha um ótimo controle emocional.
De nada adianta ser um gênio do mercado se o investidor vende suas ações na primeira queda da bolsa de valores. Também de nada adiantar ser bom em escolher ativos, se o investidor é incapaz, por vaidade, de realizar perdas quando faz sentido fazê-las.
O emocional do investidor, portanto, é um fator tão importante quanto o próprio conhecimento técnico sobre o mercado. Alie o conhecimento do mercado com um bom controle emocional, e você terá muito sucesso.
Conhecer o básico das finanças comportamentais pode ser uma ferramenta poderosíssima ao investidor pessoa física. Pois ele pode perceber quando sua mente tente enganá-lo, e assim, agir de maneira correta, evitando que as suas emoções tomem conta das suas ações.
Agora que já sabemos do que trata as finanças comportamentais, vamos aos principais vieses e heurísticas estudados pelo tema!
Teoria do prospecto – economia comportamental
Isto é, se o indivíduo já está perdendo, ele está disposto a correr mais riscos para recuperar o seu capital, enquanto se ele estiver ganhando ele irá vender logo o ativo para assegurar o seu ganho.
É comum vermos investidores venderam na primeira alta do ativo, e assim, perder um longo caminho de valorização que eles têm pela frente.
Ou então é comum que o investidor, por já está perdendo dinheiro, se disponha a correr o risco de perder até todo o seu recurso investido para recuperar o capital inicial.
Obviamente, a melhor atitude a se tomar não é continuar tomando o risco simplesmente até recuperar o valor investido, mas sim analisar friamente se vale a pena continuar com a ação ou é melhor realizar esta perda.
Até porque, é possível que existam melhores oportunidades em outros ativos do mercado.
Da mesma maneira, o investidor não deve correr para vender o seu ativo na ocasião de qualquer valorização, mas sim avaliar com calma qual a melhor decisão a tomar no momento.
Se o investidor comprou uma boa empresa, normalmente, faz muito mais sentido mantê-la em carteira do que vender.
Afinal, são raras as razões para vender ações de boas empresas. Como explicitado neste vídeo:
Boas ações são como árvores: demoram anos para crescer.
Heurística da disponibilidade – economia comportamental
É corriqueiro que alguns investidores comprem ativos apenas porque eles estão subindo de preço.
O investidor projeta que aquela valorização recente irá continuar a se repetir no futuro, mesmo sem motivos que justifiquem isto.
Warren Buffett, o maior investidor de todos os tempos, afirmou uma vez que as bolhas se iniciam quando as pessoas observem seus vizinhos ficando mais ricos.
Isto está diretamente conectado com a heurística da disponibilidade, pois as pessoas ao observarem outras terem ganhos com determinado ativo, supõe que se comprarem aquele mesmo ativo, também terão ganhos extraordinários, e esta história quase sempre acaba mal.
A heurística da disponibilidade serve também para ativos que tenham ocorrido em sucessivas quedas no seu preço.
Digamos que uma ação caiu durante cinco anos devido a situações específicas de mercado, mas agora esta mesma empresa observa um cenário maravilhoso pela frente, com grande crescimento dos lucros e rentabilidade.
Muitos investidores podem simplesmente ignorar esta empresa, somente pelo fato de ela ter perdido valor durante muito tempo. Na memória recente do investidor aquele não é um bom negócio, e isto pode fazê-lo perder ótimas oportunidades.
A heurística da disponibilidade pode afetar até mesmo os mais experientes no mercado de capitais, como os analistas de investimentos.
Supomos que a Vale, suportada pela alta do preço do minério de ferro, tenha apresentado nos últimos resultados forte crescimento dos lucros, na casa dos 30% ao ano.
O analista, afetado por aquela memória recente, pode na hora de sua avaliação supor que este crescimento irá continuar ocorrendo nos próximos anos, embora seja possível que ocorra uma reversão do preço do minério de ferro e isto afete drasticamente os resultados da empresa.
Heurística da representatividade – economia comportamental
01 / 02 / 03 / 04 / 05 / 06
ou
12/ 27 / 45 / 06 / 32 / 54
A resposta correta, muito embora a maioria das pessoas imagine que seja a segunda sequência, é de que ambas possuem exatamente a mesma chance de ocorrer.
Ambas são sequências igualmente aleatórias.
A diferença está que ao vermos um conjunto de seis números em sequência, temos dificuldade para reconhecer este conjunto como aleatório, e assim interpretamos que um conjunto de números espalhados pelas possibilidades seja mais provável de ocorrer do que a primeira sequência, ou do que um conjunto como 01 / 11 / 21 / 31 / 41 / 51.
A heurística de representatividade é baseada em estereótipos. Ou seja, as pessoas tentam, através da intuição, tirar conclusões que acabam sendo erradas.
Muitas vezes, as pessoas que se baseiam nesta heurística tomam decisões que subestimam a probabilidade.
E como esta heurística se aplica ao mundo dos investimentos?
Baseada em estereótipos as pessoas podem tomar más decisões de investimento.
Confundindo, por exemplo, boas empresas com bons investimentos.
A Coca-Cola, por exemplo, sempre foi uma ótima empresa e bastante lucrativa. Portanto, alguém poderia supor que, necessariamente, ela seria um ótimo investimento.
No entanto, entre 1997 e 2012 a empresa não entregou quase que nenhum retorno aos seus acionistas.
Isto ocorre pois há muitos outros fatores a se considerar no investimento em ações, como por exemplo, o preço pago.
Luiz Barsi, um dos maiores investidores no Brasil, explica neste curto vídeo a importância de se avaliar o preço pago por uma ação.
Ancoragem e ajuste – economia comportamental
Por exemplo, o investidor pode definir que as ações da Petrobras, quando estiverem a R$20,00, serão um bom negócio.
Está âncora criada pode causar um grande problema ao investidor, pois ao se analisar somente está variável, o investidor está deixando de analisar diversos outros fatores.
O investidor deixa de ver o “filme” completo para focar apenas em uma “fotografia”.
Ao se limitar a este fator, ele deixa de analisar outros fatores que são essenciais para o sucesso do investimento, como por exemplo a governança corporativa da companhia, o seu endividamento, as perspectivas do setor, o lucro da companhia, o preço do petróleo e várias outras variáveis.
Excesso de otimismo – economia comportamental
Quando um país está em crescimento, com os preços dos ativos subindo, é comum que todas as pessoas se deixem contagiar por um excesso de otimismo.
Este viés pode levar pessoas a deixarem de perceber sinais negativos do mercado, e fazer com que aconteçam grandes perdas financeiras.
Graves crises geralmente acontecem, geralmente, logo em seguida de períodos de otimismo excessivo.
Portanto, atente-se ao grau de otimismo do mercado.
Excesso de confiança – finanças comportamentais
A heurística do excesso de confiança é muito comum em investidores que tiveram recentes acertos no mercado acionário.
Pessoas com este viés podem acreditar que sabem mais do que de fato sabem, e que sempre irão acertar.
Estes investidores superestimam suas habilidades, o que pode fazer com que eles tenham grandes perdas financeiras.
Os grandes investidores são humildes para saber que não irão acertar sempre, e que sua capacidade de prever o mercado é limitada, especialmente no curto prazo.
O próprio Warren Buffett afirma que ele não é capaz de dizer para onde o mercado irá nos próximos anos.
Segundo ele, a única coisa que ele pode fazer é buscar investir em ótimas companhias a preços baixos. Algo que ele tem feito com um grande sucesso durante um bom tempo.
Outro investidor que dá um exemplo de humildade é Benjamin Graham, o mentor de Buffett.
Ele afirma que, ao tomar uma decisão de investimento, o investidor sempre tem que deixar uma margem de segurança.
Por exemplo, se na avaliação do investidor determinada ação vale R$10,00, ele deveria comprar ela a no máximo R$7,00, pois assim ele deixa espaço para uma possível falha humana, más situações do mercado, ou simplesmente má sorte.
Armadilha da confirmação – finanças comportamentais
Este é um viés muito interessante e facilmente notado no dia a dia. Ele diz respeito sobre a tendência das pessoas a darem valor apenas a opiniões que confirmem nossas ideias prévias.
Vamos supor agora que um investidor acredite que as ações do Banco do Brasil são um ótimo negócio.
Este investidor então recebe duas notícias. Primeiro ele fica sabendo de um caso de corrupção na empresa. Em seguida, ele descobre que o setor bancário irá, provavelemte, dobrar seus lucros nos próximos cinco anos.
Caso o investidor sofra do viés da confirmação, como ele acha que as ações do Banco do Brasil são um ótimo negócio, ele irá simplesmente ignorar a primeira notícia e focar toda a sua atenção na segunda.
Desnecessário dizer o quão arriscado isto pode ser ao investidor, e como pode prejudicar os seus investimentos.
Conclusão sobre economia comportamental
As finanças comportamentais revolucionaram com um novo entendimento muito mais real de como o investidor toma as suas decisões.
Ter estes vieses durante sua jornada de investimentos é algo perfeitamente normal, justamente por isso possuir o conhecimento sobre eles é essencial para o investidor.
Com este conhecimento nós conseguimos evitar de cair nestas armadilhas. Além de melhoramos significativamente a nossa tomada de decisão na hora de investir.
Portanto, conhecer os principais temas das finanças comportamentais é crucial para se tornar um melhor investidor.
Em algum momento da jornada de um investidor, ele definitivamente sofrerá de um destes vieses, tendo conhecimento prévio do assunto, ele poderá tomar a decisão mais racional possível. E assim, evitar cair no erro de deixar as emoções controlarem as suas ações.
E você já se pegou sofrendo de algum desses vieses da economia comportamnetal? Como você lidou com isto? Conte para a gente nos comentários! Assine a Suno e veja nossas carteiras recomendadas de ações e fundos imobiliários!