John Bogle: Estratégia nos Investimentos

De acordo com John Bogle, a estratégia nos investimentos deve ser uma das maiores prioridades dos investidores.

Este é o núcleo da mensagem abordada na primeira parte de seu livro “Common Sense on Mutual Funds”. Como já falei por aqui há algum tempo, Bogle foi um pioneiro nos fundos mútuos. Ele também esteve entre os primeiros a aplicar aspectos do meio acadêmico aos fundos.

Vale lembrar que Bogle se especializou em fundos e fez deles o assunto de sua tese, na Universidade de Princeton. Depois de Princeton, ele foi para o Wellington Funds e, em 1974, fundou a Vanguard. Pouco tempo depois, ele criou o primeiro fundo de índice disponível ao público.

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Desde então, Bogle ficou famoso internacionalmente pelo sucesso de seus fundos, pelos seus textos sobre fundos e pelos seus pensamentos a respeito da comunidade de investimentos. Não é à toa que seu nome foi colocado ao lado de Warren Buffett, Peter Lynch e George Soros, sendo os quatro considerados os maiores investidores do século vinte, pela Fortune.

O primeiro capítulo de seu livro – que é focado em investimentos de longo prazo – traz, logo no primeiro parágrafo, uma frase interessante: “investir é um ato de fé”. De fato, fé. Sobretudo nos gestores, que são determinantes para o sucesso de empresas.

Além disso, um investimento em fundos – que é a área de destaque de John Bogle – também constitui uma expressão de fé nos profissionais que os gerenciam.

O investidor de fundos espera que seus gestores sejam vigilantes de seus ativos. Ao mesmo tempo, o investidor de fundos também reconhece o valor da diversificação, uma vez que um fundo mútuo compreende múltiplos ativos ou múltiplas classes de ativos.

No entanto, Bogle ressalta que, juntamente com a fé, também há risco.

“Existe pouca certeza em investir. Como investidores de longo prazo, no entanto, não podemos deixar que as possibilidades apocalípticas nos afugentem dos mercados. Sem risco, não há retorno”.

John Bogle utiliza dados históricos para mostrar que o sucesso nos investimentos é atingido com investimentos no longo prazo.

Dentro de sua abordagem estão, inclusive, trabalhos de Jeremy Siegel, contemplados em “Investindo em Ações no Longo Prazo”, que mostram que as ações cresceram numa taxa real de 7% ao ano, enquanto a renda fixa cresceu a 3,5% (ambos no mercado americano).

Neste sentido, cabe ressaltar que, no âmbito das ações, as taxas foram relativamente estáveis no longo prazo. No entanto, quando observadas no curto prazo, apresentam grandes variações. Em curtos períodos, um desvio padrão de 16,9% mostra que grande parte dos retornos anuais médios ficam entre -9,9% e +23,9% – utilizando como base os 7% ao ano.

Assim, é interessante notar que, quanto maior o período analisado, menor é o desvio padrão. Após apenas cinco anos, este desvio cai pela metade. Passados dez anos, ele terá caído pela metade, de novo. Portanto, investidores que mantiverem seus investimentos por um prazo acima de cinquenta anos, provavelmente terão experienciado um desvio em torno de 1%.

Diante deste racional de risco e retorno no longo prazo, Bogle chega à seguinte conclusão como forma de estratégia para os investimentos: invista para o longo prazo, tendo uma parte relevante em ações, porque elas providenciarão altos retornos ao longo dos anos, mas tenha um pouco de renda fixa para passar pelas adversidades.

 

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Tiago Reis
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