John Meriwether e o Long-Term Capital Management (Parte I)

John Meriwether foi um dos fundadores de um famoso hedge fund, o Long-Term Capital Management (LTCM), em 1994. Ele foi um dos maiores responsáveis para juntar o poderoso time que compunha o fundo.

Antes disso, ele exerceu uma carreira lendária, durante duas décadas, como chefe do grupo de arbitragem de renda fixa e vice-chairman do Salomon Brothers. Lá, John pode se cercar das melhores mentes do mercado.

Meriwether era brilhante. Ele tinha o talento para encontrar pessoas incomuns, além de uma habilidade de trazê-las para perto.

Robert Merton, um economista que posteriormente se tornou consultor do Salomon Brothers e, depois disso, foi sócio do LTCM, chegou a reclamar que Meriwether estava “capturando” uma geração inteira de acadêmicos talentosos.

Essa geração de acadêmicos talentosos incluía: Eric Rosenfeld, que estudou no MIT e foi professor assistente de Harvard; e Victor J. Haghani, que estudou na Escola de Economia de Londres.

Também estavam em sua equipe Gregory Hawkings, PhD em Financial Economics pelo MIT; e Lawrence Hilibrand, que possui dois diplomas pelo MIT. Por fim, a LTCM contava também com David Mullins, que fora vice-chairman do US Federal Reserve Board.

A meta de Meriwether era superar a inteligência de quaisquer concorrentes. De fato, essa vantagem persistiu por um bom tempo.

Seu grupo extraordinário veio a se tornar a equipe mais poderosa e lucrativa dentro do Salomon Brothers. Em um ano no qual o CEO, John Gutfreund, ganhou US$ 3,5 milhões, Meriwether recebeu US$ 89 milhões.

No entanto, após um escândalo de bonds do Tesouro Americano afetar duramente o Salomon Brothers em 1991, Meriwether deixou a companhia. Pouco tempo depois, os fiéis membros de seu time seguiram os mesmos passos.

O começo do Long-Term Capital Management

Diante de sua saída do Salomon Brothers, Meriwether fundou o Long-Term Capital Management, ao lado de duas mentes brilhantes da área financeira que, posteriormente, ganharam o prêmio Nobel de Economia.

Um deles era Robert Merton, graduado na Universidade de Columbia, com mestrado no California Institute of Technology e doutorado no MIT. Merton lecionou no MIT e em Harvard antes de ir para o Salomon Brothers.

O outro era Myron Scholes, co-criador do modelo de Black-Scholes (no qual Merton também teve participação). Scholes obteve seu MBA e PhD pela Escola de Negócios da Universidade de Chicago. Além disso, trabalhou no MIT e, posteriormente, lecionou em Chicago.

A esta altura, acredito que já esteja bem claro o nível dos currículos envolvidos no Long-Term Capital Management. Eram os melhores. Nunca se teve registro de algo parecido no mundo das finanças.

Scholes certa vez descreveu o LTCM: “Não somos apenas um fundo. Somos uma empresa de tecnologia financeira”.

O investimento mínimo no LTCM era de US$ 10 milhões, com taxas de administração acima do que era praticado pelo restante da indústria e isso não se mostrou um empecilho.

As mentes brilhantes constituindo o fundo atraíram os maiores e mais inteligentes clientes, incluindo David Komansky, head do Merrill Lynch; Donald Marron, executivo da Paine Webber; e James Cayne, executivo da Bear Stearns.

Eles também receberam capital de grandes instituições, como o Banco de Taiwan, o Fundo de Pensão do Kuwaiti, além do Hong Kong Land & Development Authority. Até mesmo o Banco Central da Itália – que não investia por meio de hedge funds – colocou mais de US$ 100 milhões nas mãos da LTCM.

O LTCM abriu, então, suas portas em fevereiro de 1994, com US$ 1,25 bilhões.

Amanhã, na segunda parte, trarei o restante da história do Long-Term Capital Management.

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Tiago Reis
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