Liquidez corrente: Descubra o valor mínimo ideal para suas ações
Você já ouviu falar do indicador chamado liquidez corrente, ou índice de liquidez? É uma importante métrica se você quiser escolher ações que paguem dividendos recorrentes.
Então, a liquidez corrente ajuda a medir a saúde financeira das companhias. Especificamente, mede a capacidade da empresa de pagar os seus compromissos de curto prazo somente com os seus ativos com maior liquidez.
O que é liquidez corrente?
Liquidez corrente é a razão entre ativo circulante (direitos a curto prazo) e passivo circulante (dívidas a curto prazo).
Mas e qual a fórmula desse indicador? Bem, é simples.
Você simplesmente divide o ativo circulante pelo passivo circulante.
Por exemplo, se o ativo circulante for R$ 100 milhões e o passivo circulante for R$80 milhões, então a liquidez corrente é de 100/80 = 1,25.
Calculando a liquidez corrente – Grendene
Talvez você não saiba muito bem o que são os ativos e passivos, e nem mesmo o que significa circulante e não circulante.
Se esse for o seu caso, sugiro que leia este artigo. Combinado?
Então vamos continuar.
Conforme você vê no gráfico acima, tanto o ativo circulante quanto o passivo circulante já aparecem discriminados no balanço patrimonial.
Assim, basta pegar os valores e colocar na fórmula do indicador.
Ou seja, para o 4T17, o indicador deu 2.815.556/320.602 = 8,78
Se você quiser, existem fontes gratuitas que já calculam o indicador automaticamente.
Valor mínimo da liquidez corrente – O investidor inteligente
Agora que você já aprendeu como calcular o indicador, você deve estar se perguntando qual deve ser o mínimo ideal. De fato, é uma excelente pergunta.Por um lado, um indicador maior que 1 nos diz que a empresa está com um colchão bom de liquidez.
Na verdade, o pai do Value Investing, Benjamin Graham, escreveu a respeito desse indicador no livro “O investidor Inteligente”.
De acordo com ele, o investidor deveria buscar um índice de liquidez mínimo de 1,5 ou 2.
Portanto, a Grendene passaria neste teste.
Mas e o que acontece se o indicador for menor do que 1, será que a empresa não conseguirá pagar o seus compromissos? Não necessariamente. Vamos ver o exemplo da Ambev para entender os motivos disso.
Entendendo o fluxo de caixa – O caso Ambev
De acordo com os dados da Ambev, o indicador de liquidez da empresa no 4T17 era de 0,86.
A princípio, é inferior a 1 o que denotaria fragilidade na empresa.
Contudo, a Ambev é uma companhia muito lucrativa. Possui um histórico comprovado de resultados e poucas dívidas. Possui uma disciplina de controle de custos exemplar e é referência em gestão de pessoas e performance. Como explicar então essa divergência?
Então, o que o investidor mais atento deve prestar atenção é que o balanço patrimonial é apenas uma fotografia da empresa em um dado instante.
Na verdade, o que importa é que a empresa tenha dinheiro suficiente para honrar suas obrigações na data de vencimento, e não na data do balanço.
Por exemplo, se o ativo circulante for de R$100, mas o passivo circulante for de R$ 105, quer dizer que a empresa não terá dinheiro suficiente para pagar suas obrigações?
Não, pois se os R$ 100 forem recebidos em 1 mês , mas os R$ 105 das obrigações só precisarem ser pagos em 11 meses, a companhia poderá investir os R$ 100 por 10 meses.
Assim, na data do vencimento, a companhia pode pagar sua obrigação de R$ 105 e ainda sobrar algum troco.
De fato, essa é uma característica de empresas que trabalham com um fluxo de caixa rígido.
Afinal, as empresas não querem que fique sobrando mais caixa do que o necessário para pagar as obrigações. Pois muito caixa parado com a Selic em 6,5% significa um custo de oportunidade alto.
Algumas versões mais estritas do indicador de liquidez são
- liquidez seca
- liquidez imediata,
Esses indicadores eliminam alguns itens do ativo circulante. A liquidez seca elimina o estoque e a liquidez imediata elimina o estoque e também o contas a receber.
Conclusão sobre a liquidez corrente
A liquidez corrente é uma excelente ferramenta. Mas como qualquer indicador, não deve ser utilizado sozinho. O seu uso para avaliar a saúde financeira e liquidez de uma empresa deve ser acompanhado por outras métricas e uma visão mais dinâmica do negócio.