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Os indicadores mais importantes em uma análise

Neste momento, é importante deixar claro que não existe uma maneira correta, ou uma maneira única de se analisar uma ação.

Cada analista costuma ter a sua própria metodologia de análise, onde ele enxerga melhor as suas alternativas e tira suas próprias conclusões para sua tomada de decisões. Porém, para se entender melhor o que está se passando em determinada empresa, existem alguns indicadores fundamentalistas que são importantes de se ter conhecimento.

Ao analisarmos uma questão dessa natureza, devemos levar em consideração duas frentes: os dados do passado e a projeção para o futuro da determinada empresa analisada.

Se formos olhar para trás, ou seja, para o histórico que a empresa tem, devemos nos atentar aos critérios e indicadores que nos mostram seus resultados passados.

É através da análise de indicadores, calculados a partir dos dados disponíveis nos demonstrativos, que os analistas obtêm um diagnóstico mais claro da situação e desempenho recente das empresas.

Dividimos os indicadores em duas partes: os indicadores de mercado e os indicadores financeiros.

Porém, antes do entendimento dos indicadores, é preciso que se enfatize de maneira bem clara que jamais esses indicadores devem ser usados individualmente no critério de análise de uma ação, e sim a conjuntura total do cenário e da situação que se encontra o ativo naquele momento, de maneira bem ampla e aberta.

Indicadores de Mercado mais importantes em uma análise

Dentre os indicadores de mercado, alguns que consideramos muito importantes são:

Preço/Lucro (P/L)

É um índice que revela o preço de mercado de uma ação naquele momento (sua cotação), dividido pelo seu lucro por ação nos últimos 12 meses (LPA).

Na teoria, quanto menor o valor deste índice quando comparado a outras ações melhor as expectativas do mercado em relação à mesma.

Porém, se este índice estiver muito baixo (geralmente menor que 3x), isto poderia indicar risco ao investidor, visto que tal empresa poderia representar baixa expectativa de manter esse lucro no futuro. Este índice pode ser conhecido também como ​múltiplo de lucros​ ou ​P/LPA​, e no inglês, P/E Ratio (Price-Earnings Ratio).

Dividend Yield (DY)

Soma-se os dividendos e os Juros Sobre Capital Próprio dos últimos 12 meses e depois divide-se esse valor pelo preço do papel naquele momento. Normalmente é usado para medir a rentabilidade dos dividendos de uma empresa em relação ao preço de suas ações. Criamos um minicurso gratuito sobre dividendos para te ajudar a selecionar as melhores pagadoras de dividendos.

P/VPA

Em inglês P/BV (Price per Book Value), este indicador relaciona o preço da ação ao valor patrimonial proporcional a ela. Indica quanto os acionistas aceitam pagar pelo patrimônio líquido da companhia. É obtido através da divisão entre o preço da ação e Valor Patrimonial por Ação (VPA).

Em épocas de crise, a utilização do múltiplo também passa a ser um importante métrica de avaliação, pois não é raro ver ações negociando abaixo do ativo circulante líquido nesses momentos.

Na teoria, P/VPA = 1 pode significar que a ação está sendo negociada pelo equivalente a seu patrimônio líquido, P/VPA < 1 o mercado está pagando pelas ações da empresa um preço inferior ao do seu patrimônio líquido e P/VPA > 1 que o mercado está aceitando pagar mais pela ação do que todo o patrimônio líquido da empresa.

Não necessariamente, pagar acima do patrimônio é um mal negócio. Ações como Ambev e Weg sempre negociaram acima do patrimônio, e isso não impediu uma forte valorização ao longo do tempo. Empresas com alta rentabilidade geralmente negociam com prêmio em relação ao seu patrimônio.

EV/EBITDA

O Ebitda é a sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. Ela é uma medida simplificada da geração de caixa da companhia.

Já o EV discorre do inglês “enterprise value”, que compreende o valor de mercado da companhia (cotação atual da ação multiplicado pelo total de ações) somado com a dívida líquida (dívida bruta menos o caixa).

Quanto menor o múltiplo EV/Ebtida, mais atraente se encontra a ação. Mas essa comparação normalmente faz mais sentido quando feita entre empresas do mesmo setor devido às peculiaridades existentes nos diferentes ramos de atuação das companhias.

Indicadores Financeiros mais importantes em uma análise

Os indicadores financeiros medem a saúde financeiras de uma empresa, assim como sua rentabilidade. Podem ser utilizados para fazer uma analise de empresas de capital fechado também.

Os principais indicadores são:

Return On Equity (ROE)

O ROE, Retorno sobre Patrimônio Líquido ou Return on Equity (em inglês), é calculado através da divisão do Lucro Líquido na DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) pelo Patrimônio Líquido, declarado no Balanço Patrimonial do período contábil imediatamente anterior ao atual, de uma determinada empresa.

Este indicador financeiro serve para medir o quanto que a empresa gera de lucro para cada real aplicado pelo acionista na empresa.

Isto é, a capacidade da empresa de agregar valor (gerar retorno) para o capital próprio investido.

Nós entendemos como regra de bolso que o ROE de uma empresa sólida apresenta valor superior a 10%, mas preferencialmente gostamos de negócios que apresentem ROE acima de 15%. Todos os negócios que indicamos em nossa carteira de dividendos possuem esta característica.

Return on Invested Capital (ROIC)

Do inglês Return Over Invested Capital, é o Retorno Sobre o Capital Investido, isto é, o capital próprio somado ao capital de terceiros. É um método muito utilizado para determinar o desempenho financeiro de uma empresa e apresenta, em termos percentuais, quanto dinheiro a organização tem capacidade de gerar com o capital investido.

O ROIC é similar ao ROE, porém o segundo refere-se apenas ao retorno sobre o capital próprio, enquanto o ROIC refere-se ao retorno sobre o capital total investido – soma do capital próprio e do capital de terceiros.

O cálculo do ROIC é feito depois de se subtrair os dividendos pagos durante o ano do lucro líquido e dividir a diferença pelo capital investido. Logo, a fórmula do ROIC é:

Dívida Líquida (DL)

É a Dívida Bruta descontada das disponibilidades e aplicações da empresa. Em outras palavras, é a Dívida Total da companhia menos o caixa (do Balanço).

Dívida Líquida sobre Patrimônio Liquido (DL/PL)

Este índice é definido como Dívida Líquida sobre Patrimônio Líquido e, resumidamente, serve para medir o quanto do patrimônio líquido da empresa equivale a sua dívida líquida.

Ou seja, ele indica o equivalente que uma empresa possui do seu patrimônio em dívidas e, teoricamente, quanto menor este indicador melhor.

Por exemplo, um índice DL/PL de 0,5 para determinada empresa significa que a mesma possui 50% do patrimônio em dívidas.

É importante que esse indicador esteja abaixo de 100% e de preferência seja menor que 50%.

Temos como “regras de bolso” que acima desses patamares, em geral, o endividamento começa a pesar sobre as operações da empresa, no entanto, podem existir exceções.

Margem Bruta

Representa o Lucro Bruto divido pela Receita Líquida e indica a porcentagem de cada R$1,00 de venda que sobrou após o custo dos produtos e/ou serviços vendidos. Este é um indicador que mede a rentabilidade após os custos, mas antes das despesas (administrativa e vendas). Logo, a Margem Bruta fornece assim a indicação mais direta de quanto a empresa está ganhando de resultado imediato da sua atividade.

Margem Operacional

É a divisão entre o resultado operacional (resultado após custos e despesas) da empresa sobre a receita líquida, e mostra qual o lucro operacional obtido por uma companhia para cada unidade de venda realizada.

Normalmente, margens operacionais maiores indicam maior lucratividade. Entretanto, em alguns momentos, as empresas podem reduzir sua margem para ganhar mercado.

Margem Líquida

Basicamente é o Lucro Líquido dividido pela Receita Líquida (ambos indicadores são observados na DRE). Em outras palavras, mede a fração de cada real de vendas que resultou em lucro líquido.

A importância de se procurar negócios com margens elevadas se destaca em tempos de crise. Negócios com margens altas geralmente operam com folga de lucro, e se ocorre uma crise e a empresa perde vendas, ela dificilmente apresentará prejuízos mesmo com menores vendas. Negócios com margens apertadas, são os primeiros a sofrer prejuízo quando o ambiente econômico se deteriora.

Para nós,  uma “regra de bolso” é que esse indicador seja superior a 10%, no entanto, deve-se levar em consideração o negócio que a empresa está inserido.

Como conseguir as informações sobre a empresa?

Para o investidor que ainda não está familiarizado com o mercado, não consegue ou não se sente à vontade para buscar essas informações diretamente com as empresas de sociedade anônima, uma alternativa gratuita e bastante eficiente para essa pesquisa é o Suno Analítica, que compila as informações fundamentalistas da das empresas de capital aberto e as distribui no seu portal.

O acesso é bastante simples e pode ser feito por qualquer indivíduo, investidor ou não.

Segue abaixo como exemplo os dados do Suno Análitica para as ações Ordinárias da Gerdau (GGBR3):

 

Como pode-se observar, a maioria dos dados que mencionamos anteriormente e julgamos ser relevantes para o investidor como critério de análise são disponíveis de maneira bem clara e direta, além de muitos outros dados e gráficos que podem ser usados como bases na análise e julgamento de determinado papel.

Cabe ao investidor ir à busca e estudar os números.

Agora, além dos dados e resultados passados, é importante também se analisar a conjuntura atual do empreendimento e suas pretensões para o futuro. Nem sempre margens elevadas no passado garantem rentabilidade elevada no futuro.

Como analisar a gestão de uma empresa?

Além dos indicadores, é importante ao investidor que analise também a gestão de uma companhia. É importante para o investidor se atentar para quem são as pessoas chave daquele empreendimento e se esses nomes são confiáveis.

Ter essa informação é importante porque serão essas pessoas (os gestores) que irão trabalhar na missão de multiplicar o capital que irá ser investido ali.

Qual a qualidade da gestão?

É importante saber se a gestão apresenta bons projetos e boas estratégias para a empresa no médio/longo prazo, assim como se apresentou algum trabalho relevante no passado (obviamente o passado não necessariamente garante o sucesso no futuro, mas um histórico satisfatório dos gestores pode sim ser um fator de influência no processo de decisão).

A gestão esta comprando ações e aumentando o seu alinhamento e confiança na empresa? Neste artigo você pode compreender melhor a participação dos gestores, diretores, conselheiros e controladores, também conhecidos como “insiders”, e a sua importância num empreendimento.

Qual o posicionamento da empresa no setor de atuação?

Existem alguns fatores que são muito importantes para que se saiba como a empresa se situa na sua área.

É importante se conhecer a postura da empresa diante o setor em que atua, saber a sua estratégia de mercado, conhecer os produtos com os quais trabalha, o seu nível de inovação, quem são os seus clientes e fornecedores.

Certamente uma empresa que se destaca no que se propõe a fazer merece uma atenção especial perante investidores que buscam associação em sua participação.

A conclusão a que chegamos é que é muito importante sim, na análise fundamentalista, o conhecimento dos números da empresa e seus principais indicadores.

Mas também é importante a o investidor ter em mente que os resultados futuros são consequência das decisões da gestão. Muitas vezes os indicadores passados são bonitos, mas a gestão tomou decisões que irão comprometer o futuro. Portanto, não basta apenas analisar o passado.

Você deve ir não aonde a bola está, mas para aonde ela vai!

Foi possível saber mais sobre os indicadores fundamentalistas? Deixe suas dúvidas nos comentários abaixo.

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