Que a força esteja com o investidor

Em maio os brasileiros comemoram o Dia das Mães. É interessante pensar que até o mais temido tubarão do mercado de capitais tem uma mãe. Saber que um investidor frio e calculista, capaz de especular com milhões de reais, teve uma mãe que lhe trocou as fraldas, nos coloca em pé de igualdade com ele, por menor que seja o nosso patrimônio.

No Dia das Mães as famílias saem para almoçar fora e, mesmo chegando cedo aos restaurantes, a fila de espera pode ser longa. Neste momento temos duas opões: espumar de raiva ou aproveitar o tempo da melhor forma. Como sempre, resolvi caminhar pelo entorno. Gosto de bater perna e observar a cidade. Nunca se sabe quando surge uma boa ideia em função disso.

Nosso restaurante ficava no canto de uma praça perto do centro de Campinas, nas imediações da antiga estação de trem da Mogiana, uma companhia de transporte ferroviário que não existe mais, embora tenha sido um símbolo de riqueza no ciclo do café que ajudou o Estado de São Paulo ser o que é hoje.

É triste ver uma ferrovia abandonada, que ainda poderia servir tanta gente. Fico imaginando o que sentiram os passageiros que dependiam daquela linha quando ela foi desativada. Mais triste é ver que suas margens viraram depósito clandestino de lixo.

Alguém desovou várias carcaças de televisores de tubo ali. Vejo um aparelho Toshiba com um nicho vazio, que provavelmente servia para inserir fitas de videocassete. Na época de seu lançamento, este modelo deveria ser muito cobiçado. No entanto, estava ali, apodrecendo lentamente, feito a armadura que envolvia Darth Vader, o grande vilão da saga de Guerras nas Estrelas.

DO ABSOLUTO AO OBSOLETO

O problema de sermos altamente dependentes da tecnologia é este: ela se renova constantemente e o que era novidade ontem é obsoleto hoje. Quem não acompanha a evolução da tecnologia fica obsoleto também, perante o sistema vigente.

Quem não comprou um carro quando a linha de trem da Mogiana foi desativada, ficou a ver navios. Quem não comprou um aparelho de DVD quando o videocassete foi aposentado, não tem mais como ver cópias antigas – e não restauradas – de Guerra nas Estrelas.

E quem é Darth Vader, senão um sujeito que sucumbiu à tecnologia? Ele respira com a ajuda de aparelhos, fala com a ajuda de aparelhos e enxerga com a ajuda de aparelhos. Sem a sua máscara e sem a sua armadura que lhe protege o tórax e os membros, Darth Vader é digno de pena: um homem disforme que não desenvolveu a sua humanidade.

Seu antagonista é o herói Luke Skywalker. Apesar de portar um sabre de luz, ele veste apenas um kimono. Mais desprotegido, impossível. Ele vive num pequeno planeta e, com restos de equipamentos diversos, constrói novos artefatos, até ser descoberto por Ben Kenobi, que lhe recruta para lutar pela Força, lhe transmitindo ensinamentos, dentre os quais destaco:

“Desligue o seu computador, desligue a máquina e seja você mesmo, siga seus sentimentos, confie em seus sentimentos.”

UM TIRO – UM APORTE

No final do primeiro filme de Guerra nas Estrelas, rebatizado anos depois como “Star Wars Episódio IV: Uma Nova Esperança”, Luke Skywalker se vê a bordo de uma precária nave de combate sideral, com recursos de navegação ultrapassados e mira automática para disparo de armas pouco confiável.

Ele precisa dar um tiro certeiro no núcleo da Estrela da Morte, uma estação espacial controlada por Darth Vader, capaz de emitir raios que explodem planetas inteiros. Skywalker só tem um tiro e uma chance, e o faz confiando em si mesmo, ignorando os aparelhos de auxílio.

Se você puder assistir este filme novamente, o faça com a visão de investidor no mercado financeiro. Se você é um pequeno investidor pessoa física, você é Luke Skywalker. Você economiza dinheiro mensalmente e, muitas vezes, só tem um tiro disponível para dar. Um aporte por mês e você tem que acertar no núcleo da Estrela da Morte.

A recomendação expressa é que você não sucumba ao lado negro da Força, no qual os indivíduos são altamente dependentes da tecnologia e, ao invés de se servirem dela, são escravos da mesma.

MODERAÇÃO E BOM SENSO

A tecnologia é bem vinda e nos traz facilidades para investir. O volume de informações despejado diariamente pela Internet é enorme. Existem sites que mastigam indicadores fundamentalistas e que facilitam muito a pesquisa por ativos sólidos. Para quem é adepto do day trade já existem robôs que operam automaticamente, lançando ordens de stop loss e stop gain.

O problema da tecnologia envolvida neste ambiente, é que não temos controle sobre ela. Não sabemos quando o fio da tomada poderá ser puxado ou se os sites sairão do ar, ou ainda quando páginas gratuitas podem resolver cobrar pelos serviços que oferecem. Um dia a linha do trem pode ser desativada e qual é o plano B de seus usuários?

Por isso, cabe ao investidor, independente de seu porte, ser capaz de fazer as próprias análises e tomar as próprias decisões. A tecnologia está aí para ajudar, mas é preciso saber ler e interpretar documentos contábeis das empresas, como Balanços Patrimoniais e Demonstrações de Resultados de Exercícios, e através deles extrair os indicadores fundamentalistas necessários.

SUNO É LUZ

Nem todo Jedi tem a sorte de encontrar um mestre como Ben Kenobi pelo caminho. A sorte do pequeno e médio investidor brasileiro é que existe a Suno Research, uma casa independente de pesquisas no mercado financeiro, que não entrega apenas análises bem fundamentadas com oportunidades para bons investimentos, mas oferta conhecimento para o investidor buscar não apenas a independência financeira, mas a também a própria independência para investir.

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Jean Tosetto
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