A Azul (AZUL4) anunciou nesta quarta-feira (03) que fechou um financiamento de US$ 200 milhões com a Corporação de Investimento Privado no Exterior (OPIC), uma instituição financeira do governo americano que fomenta investimentos de empresas americanas em mercados emergentes.
Pelo acordo, a companhia terá acesso a uma linha de crédito para realizar a manutenção dos motores de suas aeronaves Embraer E-195. A empresa é a primeira companhia aérea do mundo a obter um financiamento dessa natureza com a OPIC.
Ainda no que tange o comunicado acima, cabe acrescentar que Alex Malfitani, Vice-Presidente Financeiro da Azul, estacou que “essa nova fonte de financiamento nos ajudará a otimizar nossa posição de liquidez e o processo de manutenção dos motores dos nossos jatos da Embraer, fortalecendo ainda mais o nosso acordo com a GE Celma.” A GE Celma é a unidade de revisão de motores aeronáuticos da GE no Brasil.
Além do executivo da Azul, também se manifestou o presidente e CEO da OPIC: “Com o suporte da OPIC, a Azul poderá acessar um maior número de regiões brasileiras que não possuem serviço aéreo, ajudando a estimular o crescimento e desenvolvimento econômico”.
No que diz respeito à conjuntura operacional da companhia, a Azul é a maior empresa aérea do Brasil em número de cidades servidas. Fundada em 2008, à época conectava Salvador, Campinas e Porto Alegre, enquanto hoje já conta com cerca de 821 voos diários e 110 destinos, figurando como líder em 8 dos 10 principais aeroportos onde atua. Adicionalmente, a companhia vem conquistando forte penetração em mercados pouco atendidos ao redor do país.
É interessante notar que tal financiamento foi obtido para sua frota de E-Jets, mais especificamente o modelo E-195. No entanto, segundo o plano de frota da companhia, divulgado recentemente, vemos que ela planeja remover seus E-Jets da frota até o final de 2022, sendo que no final deste ano já serão quinze a menos, em relação ao ano passado (2018).
Tal plano de frota é coerente com as perspectivas de expansão da companhia, e visa a melhoria de suas margens, uma vez que o custo por assento dos A320neo é cerca de 29% menor que o custo por assento dos E-195 (utilizando como base o trajeto de 1.458 km de distância entre Campinas e Salvador).
Todas as aeronaves de última geração que serão adicionadas à frota são consideradas a base da estratégia para expansão de margens para os próximos anos.
Analisando os resultados da Azul, percebemos uma constante valorização e consolidação da marca ao longo de seus 10 anos de existência. Além disso, é um ponto bastante positivo a sua cultura focada no serviço ao cliente.
Quando olhamos os números, vemos alguns pontos positivos que indicam o crescimento da companhia, porém, há certo receio devido aos altos custos operacionais. É um setor bastante pautado na variação do preço de combustível de aviação, bem como variação cambial, fazendo com que aumentar a performance da operação seja bastante desafiador. Além disso, a alavancagem se encontra num patamar de 4,2x (Dívida líquida/EBITDAR), que consideramos elevado.
Sendo assim, continuaremos monitorando a Azul em busca de oportunidades.
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