Radar do Mercado: B3 (BVMF3) – Números operacionais seguem em ascensão

A B3 – Brasil, Bolsa, Balcão – divulgou na última sexta-feira (16) os seus números referentes ao último mês de fevereiro.

Os destaques ficaram para o volume financeiro médio diário total do segmento Bovespa, que atingiu R$ 13,1 bilhões (aumento de 42,8% em relação ao mesmo período do ano passado), e o número de investidores ativos, que aumentou 10,4% em relação a fevereiro de 2017, passando de 592 mil para 654 mil.

 

 

Entendemos que a B3 é uma empresa que pode ser muito beneficiada com a atual queda da taxa de juros no Brasil, visto que essa queda induz muitos investidores a migrarem da renda fixa para a variável, o que pode ocasionar uma dinâmica positiva de oferta e demanda nas transações operacionais da companhia.

O aumento do número de investidores ativos, noticiado acima pela própria B3, além dos aumentos graduais e históricos do índice Ibovespa nas últimas semanas, reforçam ainda mais essa tese que o mercado de renda variável irá continuar seguindo uma sequência de alta em suas negociações no médio prazo.

Como sendo simpatizantes do Value Investing, somos tentados a julgar toda essa tendência de alta no mercado de ações, por mais contraditório que possa parecer, um tanto quanto “insatisfatória”, isto por que, como consequência de toda essa euforia, é muito provável que as oportunidades de investimentos com boas margens de segurança se tornem cada vez mais escassas.

Entretanto, vale lembrar que o Brasil é um país de alta volatilidade no mercado, e basta que uma notícia bombástica em Brasília surja (o que sabemos que pode acontecer a qualquer momento com a Operação Lava-Jato nas ruas) para que os preços desabem e os investidores de valor saiam as compras.

Voltando aos números divulgados pela companhia, vale ressaltar que a empresa adquiriu uma dívida natural para a aquisição dos ativos da Cetip, mas que, conforme a mesma for sendo “digerida”, a B3 – que tem potencial para ser uma excelente empresa em termos de geração de caixa – possa em algum momento vir a converter essa geração de caixa em dividendos para seus acionistas.

Nessa conjuntura, a posição de dívida bruta da companhia, ao término do período, foi de R$ 5.640,5 milhões, o que corresponde a 2,1x o Ebitda ajustado dos últimos 12 meses.

A posição de dívida bruta inclui o principal da dívida mais juros acumulados (71,2% de longo prazo e 28,6% de curto prazo), assim como o valor líquido da posição em instrumentos financeiros derivativos.

Ainda, o resultado financeiro da B3 totalizou uma perda de R$25,2 milhões no 4T17. A comparação com o 4T16 foi impactada pela maior posição de caixa da companhia ao final de 2016, resultante dos recursos obtidos com a venda das ações do CME Group, emissão de debêntures e tomada de empréstimo.

Neste parâmetro, as suas receitas financeiras atingiram R$106,7 milhões, queda de 71,4% sobre o 4T16, explicada principalmente pela redução do caixa médio do período, tendo em vista o pagamento no valor de R$8,4 bilhões da parcela em dinheiro para os ex-acionistas da Cetip, efetuado em abr/17.

Já as despesas financeiras totalizaram R$132,0 milhões, queda de 25,1% sobre o 4T16, principalmente, explicada pela redução das despesas relacionadas ao hedge de valor justo feito para proteger o principal da dívida com vencimento em 2020 (Swap).

Diante disso, o lucro líquido da B3, no quarto trimestre do ano passado, atingiu R$ 516,1 milhões, queda de 52,1% sobre o 4T16, patamar este que foi impactado, principalmente, pela redução do resultado financeiro em decorrência da menor posição de caixa e do aumento do endividamento da companhia.

Há de se destacar, entretanto, que se excluindo os itens não recorrentes, o lucro líquido teria atingido R$ 635,8 milhões no 4T17, queda de 5,6%, também impactada, principalmente, pela redução do resultado financeiro da companhia.

Adicionalmente, se ajustado pelo benefício fiscal resultante da amortização dos ágios criados nas incorporações da Bovespa Holding e da Cetip, no conceito de imposto caixa, o lucro líquido teria totalizado R$888,5 milhões.

Ainda em relação a seus números, é possível observar, também, uma quantidade crescente – mês a mês – do número de investidores ativos, que fechou o mês de fevereiro no patamar dos 654.351.

Sonhamos com que esse número ultrapasse a barreira do primeiro milhão em breve, e essa é uma das missões da Suno Research, a promoção do mercado de capitais como uma fascinante ferramenta que impulsiona o desenvolvimento da humanidade.

Ademais, enxergamos ainda que a B3 atua praticamente como um “monopólio” no mercado de capitais no Brasil, cobrando emolumentos, taxas e demais ônus as quais consideramos não serem baratas quando comparadas com a média mundial.

Por conta disso tudo, gostamos muito do ativo, porém preferimos aguardar uma queda nos seus preços para poder indicá-la num valuation mais confortável a nossos assinantes.

Para uma compreensão mais aprofundada da companhia, sugerimos a leitura do relatório que fizemos da empresa e disponibilizamos de maneira gratuita a nossos seguidores.

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Tiago Reis
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