A Cielo S.A. (CIEL3) anunciou ontem (23) seus resultados do primeiro trimestre de 2019, em documento disponibilizado em sua página de relação com os investidores.
A companhia informou em seu comunicado que o volume financeiro de transações ex-Agro capturado pela Cielo Brasil aumentou 3% em relação ao 1T18, ao passo que houve redução em 6,7% com relação ao último trimestre de 2018.
No que tange à base ativa de equipamentos, houve crescimento de 20,1% em relação ao 1T18, enquanto o crescimento em relação ao 4T18 foi de 8%. A empresa atribui tal progresso à adição de microempreendedores. Além disso, destacou que este é o maior crescimento do indicador apresentado pela Cielo nos últimos anos.
Já a receita operacional líquida apresentou estabilidade ao resultar em cerca de R$ 2,77 bilhões, com uma ligeira variação negativa de 0,4% em relação ao 1T18, porém com queda mais significativa de 7,9% em relação ao 4T18. Embora o volume capturado tenha sido maior, o resultado reflete também a adequação do patamar de precificação da Cielo ao mercado em face da intensificação do ambiente competitivo.
O lucro líquido atingiu o patamar de R$ 589,3 milhões, representando uma queda de 43,6% em relação ao primeiro trimestre de 2018, bem como uma queda de 27,6% em relação ao trimestre passado.
No que diz respeito às diferentes unidades de negócio, tem-se a distribuição de aberturas conforme o gráfico abaixo:
Além disso, a alavancagem ajustada foi de 1,95x ao final do período, contra 1,62x no 4T18.
Por fim, o EBITDA do trimestre totalizou R$ 526,8 milhões com margem de 37%, representando uma redução de 41,2% e 26,2% quando comparado com 1T18 e 4T18, respectivamente.
Tais resultados são consolidados da Cielo, cuja estrutura societária atual se apresenta conforme o esquema a seguir:
Observando os gráficos com os indicadores separadamente temos:
Para Cielo Brasil:
Para a Cateno:
Para a Multidisplay, Braspag, Cielo USA, Aliança (Stelo), Merchant E-Solutions e M4Produtos:
Com relação ao aumento da competição, vale trazer como informação a “guerra” iniciada nos últimos dias pela Rede, controlada pelo Itaú Unibanco, que anunciou a medida de zerar a taxa para antecipação de recebíveis a pequenos lojistas nas vendas com cartões de crédito à vista. Sendo assim, o pagamento aos lojistas será feito dois dias após a venda, não mais nos habituais 30 dias.
Tal medida é válida para clientes cujo faturamento anual não ultrapassa o valor de R$ 30 milhões, além de ser obrigatório possuir domicílio bancário no Itaú.
Deste modo, a rede ataca o segmento de pequenos empreendedores, dominado por PagSeguro e Stone, além da Cielo, que vem tentando ganhar mercado nessa faixa de clientes. Além disso, atinge em cheio o negócio de antecipação de recebíveis, fonte importante de receita para as credenciadoras novatas, que não possuem ligação com bancos.
O impacto da medida foi forte sobre a cotação das ações dessas empresas, de modo que no dia do anúncio (18 de abril) a Cielo sofreu queda de 7,3%, enquanto as ações da PagSeguro e da Stone, listadas no mercado americano, apresentaram queda de 9,74% e 23,69% respectivamente.
A Associação Brasileira de Instituições de Pagamento alega ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica que a Rede utiliza da medida para promover predação de concorrentes.
No mais, a concorrência se apresenta cada vez mais acirrada, sobretudo com a nova guerra de preços estabelecida na semana passada. Acreditamos que os resultados da Cielo apresentam muitas quedas, que aliadas à redução de margem devido às novas medidas de concorrência, configuram um cenário desfavorável. Por conta disso, nos manteremos afastados do papel por tempo indeterminado.
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