Radar do Mercado: Cemig (CMIG3) tem acordo de acionistas rompido com AGC Energia

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) informou ao mercado que sua acionista, a AGC Energia, rompeu unilateralmente o acordo de acionistas com o Estado de Minas Gerais.

Dessa forma, a AGC Energia fica apta a negociar suas ações da Cemig em bolsa de valores e/ou mercado de balcão.

A informação foi enviada para a Cemig pela AGC Energia, que encaminhou ofício de notificação de resilição do acordo, e não traz mais detalhes sobre a decisão.

 

O Grupo Andrade Gutierrez é um dos maiores conglomerados privados da América Latina com mais de seis décadas de atuação na área de engenharia e construção no Brasil e no mundo.

Hoje, além da engenharia e construção, tem participação acionária em negócios rentáveis nas áreas de transporte e logística (CCR), energia (Cemig, Santo Antonio, TEN), saneamento (Sanepar), tecnologia (Contax), saúde (Hospital Novo Metropolitano) e administração de arenas (Brio).

Em relação à Cemig, a AGC é a segunda maior acionista da companhia, depois do governo do estado, com 20,05% das ações ordinárias, o que corresponde à uma participação total no negócio de 6,70%.

Segundo informações noticiadas em alguns portais, após o anúncio do rompimento de acordo de acionistas entre a AGC e a Cemig, o banco de investimentos Banco Clássico estaria em conversas avançadas para comprar a fatia de cerca de 20% das ações com direito a voto que a Andrade Gutierrez detém na elétrica mineira, o que poderia levar a empresa a levantar cerca de R$ 1,4 bilhão com a venda da participação na Cemig, uma das maiores empresas de eletricidade do país.

A Cemig vem seguindo com uma estratégia contínua e compreensível de venda de ativos para gerar caixa e assim tentar reverter o quadro atual preocupante no qual a mesma se encontra, resultado este que a nosso entender deriva de más estratégias de gestão tomadas no passado.

Atualmente, a Cemig é uma empresa que apresenta muitos desafios, principalmente na sua parte financeira, com consideráveis dívidas de curto prazo, que totalizam pouco mais de R$ 8 bilhões até o final de 2018.

Ademais, a Andrade Gutierrez é uma companhia que constantemente é citada no decorrer do âmbito da operação lava-jato, tendo recebido denúncias de pagamento de propinas à políticos influentes de Brasília em troca de benefícios e facilidades para a execução de obras federais.

Aliado a isso, o fato da Cemig ser uma estatal controlada pelo governo de Minas Gerais não nos deixa confiantes em relação ao futuro do negócio, visto que, a cada quatro anos, o cenário político pode sofrer mudanças drásticas, o que influencia diretamente o comando da estatal, gerando bastante incerteza no médio prazo.

Preferimos continuar de fora.

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Tiago Reis
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