A Itaúsa veio a público hoje (20) comunicar que concluiu, conjuntamente com Brasil Warrant Administração de Bens e Empresas (BW) e a Cambuhy Investimentos, a aquisição de 54,24% de participação no capital da Alpargatas, de acordo com o divulgado em fato relevante datado do 12 de julho deste ano.
Segundo reportou o comunicado, a Itaúsa adquiriu 27,12% do capital total da Alpargatas, representado por 103.623.035 ações ordinárias e 23.968.521 ações preferenciais, desembolsando o montante de pouco mais de R$ 1,7 bilhão, sendo o preço por ação equivalente a R$ 14,17 por ação ordinária e R$ 11,32 por ação preferencial.
“Com essa operação, a Itaúsa reafirma sua confiança no futuro do Brasil e reforça seu compromisso com a criação de valor para seus acionistas”, finalizou a Itaúsa no comunicado feito ao mercado.
Certamente esta operação de compra da Alpargatas – pertencente até então à holding J&F – pela holding Itaúsa faz parte do plano de desnivelamento da companhia controlada pela família Batista para arcar com multas de mais de 10 bilhões de reais oriundas de acordo de leniência firmado entre o grupo e o Ministério Público Federal, após o gigantesco escândalo de corrupção propagado pela imprensa nos últimos meses, que culminaram na prisão dos irmãos Wesley e Joesley Batista na semana passada.
A Alpargatas é uma empresa brasileira de calçados e artigos esportivos dona de marcas renomadas como Havaianas, Topper, Rainha, Mizuno, Dupé, Osklen, Timberland, entre outras, e que até então, possuía 86% de suas ações ordinárias e 54% da totalidade de suas ações sob custódia da J&F, que, por consequência, possuía o controle da operação.
Com as recentes citações nos noticiários de envolvimentos da empresa e seus controladores em processos bilionários de corrupção e negociações obscuras com o BNDES, além de investigações no âmbito da operação Lava-Jato sob denúncias que envolvem pagamentos de propinas gigantescas a políticos influentes de Brasília – que incluem o próprio presidente Michel Temer – que culminaram no desmoronamento do castelo Batista, entendemos que a decisão corajosa e oportunista da Itaúsa de aproveitar a oportunidade se assemelha em muito com o comportamento de um investidor de valor focado no longo prazo, que procura estar sempre atento aos acontecimentos, de modo que, dessa forma, possa tirar vantagem sempre que turbulências e cenários de incertezas no curto prazo se fazem presentes no mercado.
Gostamos muito desse tipo de comportamento e, com certeza, esta aquisição por parte da Itaúsa demonstra o quão a sua gestão é confiante e comprometida com a criação de valor para seus acionistas no longo prazo.
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