A Braskem S.A. comunicou ontem (04) aos seus acionistas e ao mercado em geral que foi informada pela Odebrecht S.A., sua controladora, da decisão em conjunto com a LyondellBasell de encerrar as tratativas a respeito da potencial transação envolvendo a transferência à LyondellBasell da totalidade da participação da Odebrecht no capital social da Braskem. As negociações já se estendiam há mais de 15 meses.
Segundo o diretor-presidente da LyondellBasell, Bob Patel, a decisão de suspender os negócios foi tomada em comum acordo após uma análise cuidadosa.
Acredita-se que a insegurança jurídica em torno da situação financeira do grupo Odebrecht foi um fator decisivo nesta escolha. Isso porque, a Odebrecht deu, em julho de 2016, todas as ações ordinárias e preferenciais que possui na petroquímica em garantia para cinco bancos: Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, BNDES e Santander.
Descontadas as dívidas da Braskem, o grupo Odebrecht tem cerca de R$ 80 bilhões em compromissos financeiros, dos quais metade são para com os seis maiores bancos que atuam no país.
Além disso, na semana passada, a Odebrecht colocou sua controlada Atvos – cuja dívida é de R$ 12 bilhões – em recuperação judicial, trazendo grande risco de que a controladora do grupo também tenha de pedir proteção contra seus credores.
Com isso, as ações da Braskem podem parar nas mãos de credores, dificultando uma venda conjunta dos papéis da Petrobras e da empreiteira para um potencial comprador, como era esperado que viesse a acontecer na negociação com a LyondellBasell.
De acordo com fontes ouvidas pelo jornal Valor Econômico, não está descartada a hipótese de que a LyondellBasell volte a conversar sobre a compra da Braskem dentro de um processo organizado por meio de uma eventual recuperação judicial da holding controladora Odebrecht. Neste caso, a venda só poderia ser feita após a aprovação de um plano de recuperação judicial para a Odebrecht.
A recuperação judicial da Atvos e a desistência da Lyondell reduzem as opções de planos para a Odebrecht, colocando o conglomerado ainda mais perto de uma recuperação judicial.
O encerramento das negociações também pode afetar a Petrobras, pois havia expectativa de que a estatal pudesse eventualmente vender sua fatia na companhia ao grupo holandês. Independente do comprador, a decisão estratégica de sair integralmente da Braskem já está tomada, segundo o presidente da Petrobras, Castello Branco.
A estrutura acionária da Braskem, cuja data base é de 30/03/2018, está representada a seguir:
Devido à situação, as ações PNA da Braskem fecharam em queda de 17% na data de ontem.
Ao final de seu comunicado, a companhia informou que continuará em busca de oportunidades com potencial de agregar valor aos acionistas.
Mesmo antes da recuperação judicial da Atvos, a Braskem já era permeada por um cenário de incertezas, como o tamanho do passivo que a companhia terá devido ao afundamento de bairros em Maceió, que está sendo investigado como possível consequência de sua operação de sal gema na localidade.
Sendo assim, diante do cenário caótico que envolve a companhia, preferimos evitar atividades especulativas, de forma que nos mantemos afastados do papel por tempo indeterminado.
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