Na última sexta-feira (05), foi veiculada uma notícia no site do Valor Econômico sob o título: “Petrobras venderá TAG para Engie e Caisse por US$ 9 bi, diz fonte”. Tal notícia levou a B3 a solicitar esclarecimento, por parte da Petrobrás, em relação à referida transação.
A notícia foi veiculada às 13h48 do referido dia, informando que já havia sido fechado o acordo de venda da Transportadora Associada de Gás S.A.(TAG), sua unidade de gasodutos.
O Valor afirmou que a informação foi confirmada por uma fonte que pediu anonimato, pois a negociação ainda era confidencial no momento.
Ao final da tarde, após a solicitação de esclarecimento da B3, a Petrobras comunicou oficialmente sobre a proposta de desinvestimento de 90% da participação na TAG.
No âmbito do processo competitivo, o grupo Engie, em conjunto com o fundo canadense Caisse de Dépôt et Placementdu Québec (CDPQ), apresentou a melhor proposta, que representa um Valor da Empresa (Enterprise Value) de R$ 35,1 bilhões para 100% da TAG, na data base de dezembro de 2017.
Após ajustes e atualizações financeiras, e considerando uma taxa de câmbio de R$ 3,85 por dólar americano, a transação representará aproximadamente US$ 8,6 bilhões para a Petrobras quando for concluída.
Segundo a Petrobras, o valor inclui o pagamento, pelo comprador, das dívidas da TAG com o BNDES, da ordem de US$ 800 milhões, na data de conclusão da operação.
Além disso, a estatal ressaltou que continuará utilizando os serviços de transporte de gás natural prestados pela TAG, por meio dos contratos de longo prazo já vigentes entre as duas companhias, sem qualquer impacto em suas operações e na entrega de gás para distribuidoras e demais clientes.
A Petrobras informou, ainda em seu comunicado, que a conclusão da transação está sujeita à aprovação pelos órgãos de governança da Petrobras e de defesa da concorrência.
Com o acordo de venda da TAG, a estatal acumula cerca de US$ 9,25 bilhões em desinvestimentos em 2019, na gestão de Roberto Castello Branco.
Além da transação que diz respeito à TAG, a companhia anunciou, neste ano, a venda da refinaria texana de Pasadena, para a Chevron (US$ 562 milhões), e do campo de Maromba, na Bacia de Campos, para a BW Offshore (US$ 90 milhões).
Devido a sua crise financeira, desde 2015 a empresa vem intensificando seu programa de venda de ativos. Tal estratégia já trouxe ao caixa da Petrobras, até 2018, cerca de US$ 15,4 bilhões.
Com a compra da TAG, o grupo francês Engie se introduz no mercado brasileiro de gás natural. A previsão da empresa é de concluir a compra em maio e, em seguida, concentrar esforços na integração do ativo.
A matriz da Engie na França assumirá 29,25% da transportadora, a Engie Brasil Energia assumirá outros 29,25%, enquanto o CDPQ ficará com 31,5%, e a Petrobras com 10%.
“A aquisição da TAG será mais um avanço na diversificação de nossos negócios, materializando a estratégia da companhia em se tornar um player-chave da infraestrutura brasileira”, diz Eduardo Sattamini, Diretor-Presidente da Engie no Brasil.
A TAG é a maior transportadora de gás natural do Brasil, contando com infraestrutura degasodutos com aproximadamente 4.500 km, que se estende por todo o litoral das Regiões Sudeste e Nordeste, tendo também um trecho ligando Urucu (província petrolífera no meio da Amazônia) a Manaus (AM). A malha conta ainda com 12 instalações de compressão de gás (6 próprias e 6 subcontratadas) e 91 pontos de entrega.
Acreditamos que os desinvestimentos que a Petrobras vem realizando constituem uma atitude necessária para que a empresa se recupere de sua crise, levando em conta a extrema necessidade de redução de suas dívidas, que se encontram num patamar muito elevado.
Portanto, embora a notícia de venda da TAG seja vista por nós como positiva, preferimos seguir de fora da estatal por tempo indeterminado.
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