Radar do mercado: Petrobras (PETR4) – renúncia de membro do conselho, resultados de perfuração e solicitação de esclarecimentos pela B3

No dia 18 de abril de 2019, a Petrobras emitiu dois comunicados informativos para os acionistas e para o mercado em geral.

No primeiro deles, a companhia informou que o Conselheiro Jerônimo Antunes apresentou sua renúncia ao cargo de membro do Conselho de Administração da companhia, bem como aos Comitês do Conselho do qual fazia parte. A empresa diz que as motivações para a saída do Conselheiro foram pessoais.

Em seu comunicado, a companhia diz que irá aguardar indicação do substituto por parte do acionista controlador, que é a União. “[O indicado] será submetido aos procedimentos internos de governança corporativa, incluindo a análise de conformidade e integridade necessária ao processo sucessório da companhia”, completou a estatal.

 

Jerônimo possui mestrado e doutorado em ciências contábeis na área de especialização de Controladoria e Contabilidade pela Universidade de São Paulo, além de ser graduado em Administração de Empresas e Ciências Contábeis. Tornou-se membro do Conselho de Administração da Petrobras em julho de 2015. Desde setembro de tal ano, Antunes integrou o Comitê de Auditoria, assumindo sua presidência a partir de agosto de 2016. Além disso, foi membro do conselho de administração e presidente do comitê de auditoria estatutário da BR Distribuidora (BRDT3).

Em seu segundo comunicado, a Petrobras informou que concluiu a perfuração do Poço 3-SES-192, como chamado em sua nomenclatura, ou 3-BRSA-1367-SES, na nomenclatura da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Tal poço é localizado na área conhecida como Moita Bonita, localizada na concessão BM-SEAL-4, a 80 quilômetros da cidade de Aracaju, em profundidade de água de 2.629 metros.

PLANOS

A companhia disse ainda que os resultados da perfuração confirmaram a extensão da acumulação de gás descoberta, com espessura total de 39 metros, em reservatório situado na profundidade de 5.227 metros.

Além disso, o poço também constatou uma descoberta de óleo em reservatório mais profundo com espessura total de 24 metros. É o quinto poço de extensão na área de Moita Bonita, cuja descoberta foi comunicada em agosto de 2012.

A Petrobrás possui participação de 75% do consórcio, enquanto o restante é da ONGC (Oil and Natural Gas Corporation), uma companhia indiana.

Além destes dois comunicados, a Petrobras foi envolvida em outra situação no mesmo dia 18, quando a B3 solicitou esclarecimentos sobre uma notícia veiculada pelo jornal Valor Econômico no dia 17 de abril.

Tal notícia dizia que a Petrobras deverá perder controle da BR Distribuidora (BRDT3), alegando que a companhia buscava reduzir a participação em sua controlada para menos de 50%, e que já havia contratado bancos para conduzir o processo de venda das ações visando tal objetivo.

Até o momento, a estatal, que possui 71% da distribuidora, não se manifestou quanto à notícia.

Segundo o Valor Econômico, o diretor financeiro da companhia, Rafael Grisolia disse que a venda ainda está sob aprovações internas, mas muito provavelmente a participação será reduzida, de modo que a Petrobras ainda seja um acionista de participação relevante, porém, não mais no controle.

O jornal lembrou ainda que, em 2017, a estatal repassou a investidores privados 18,75% do capital da subsidiária.

Além disso, há discussão para saber se a oferta será interpretada como privatização, pois em caso afirmativo, precisaria do parecer do Tribunal de Contas da União.

Vale lembrar que recentemente a Petrobras já se desfez de um ativo bastante relevante: a TAG, permanecendo com apenas 10% da participação, conforme abordamos no Radar do Suno Call #289.

É importante observar que a motivação de venda da BR Distribuidora, caso seja confirmada, pode estar alinhada com a motivação de venda da TAG: redução de dívidas da estatal, que atualmente se encontram num patamar bastante elevado.

Sendo assim, embora o desinvestimento da BRDT3 seja visto por nós como positivo para a recuperação da saúde financeira da PETR4, além da confirmação bem-sucedida do poço de Moita Bonita, preferimos seguir fora da estatal por tempo indeterminado.

Isso porque acreditamos que existe, em torno da estatal, um cenário de incertezas, que aliadas ao preço que não está descontado como queríamos, proporciona pouca margem de segurança para o investimento.

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Tiago Reis
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