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Risco de mercado: Conheça 3 situações que geram oportunidades para o investidor

Risco de mercado: Conheça 3 situações que geram oportunidades para o investidor

Você já ouviu falar do risco de mercado?

Se você é um investidor em ações provavelmente já sentiu os efeitos desse risco. O risco de mercado é o risco do seu investimento desvalorizar no curto prazo.

A oscilação negativa de mercado também é um risco dos fundos imobiliários e como veremos adiante, nem a renda fixa pode ser considerada tão fixa assim.

 

O risco de mercado na prática

CMIG4 – Economatica

Está vendo o gráfico acima?

Essa é a ação da Cemig, que desvalorizou -41% no dia 18/05/2017.

Nesse dia Joesley Batista, um dos donos da JBS, fez uma delação premiada para a operação lava-jato, e que incluía gravações constrangedoras do presidente Michel Temer.

Foi um banho de sangue na bolsa.

Várias ações caíram significativamente. Quedas de -10, -20% foram muito comuns. O mecanismo de circuit breaker foi acionado, interrompendo as negociações.

NTNB 2045 – Economatica

Os títulos públicos também sofreram bastante, como foi o caso do Tesouro IPCA+ 2045, caindo quase 13%. Perceba que esse é um risco dos títulos públicos que muitos iniciantes no tesouro direto ignoram.

De fato, essas quedas acentuadas assustam. Você está temporariamente mais pobre. Não há dúvidas disso.

Mas quando entendemos os motivos por trás desses movimentos e ainda por cima temos um horizonte longo de investimentos, chegamos a uma conclusão interessante:

Grandes desvalorizações podem ser excelentes oportunidades. E por incrível que pareça, os melhores investidores ficam felizes quando a bolsa cai.

Só que para você entender isso é preciso dar um passo atrás e compreender as causas dessas desvalorizações repentinas.

A origem do risco de mercado

 

Sempre que uma ação desvaloriza bastante você deve tentar entender o motivo.

Não estou falando do sobe e desce do dia-a-dia, que é aleatório, mas sim, de quedas de 10, 15, 30% em poucas horas. Geralmente existe alguma boa explicação para esses movimentos.

Às vezes apenas as ações de algumas empresas ou setores caem, enquanto o resto da bolsa pode até mesmo subir. Você precisa estar atento se o problema for pontual do negócio ou da indústria.

Em algumas ocasiões as empresas perdem vantagens competitivas importantes, prejudicando de forma definitiva a rentabilidade daquela companhia.

Um exemplo é a Kodak, que quebrou após a chegada das máquinas digitais.

O investidor deve acompanhar de perto os seus negócios, pois mudanças assim podem levar a uma perda permanente de capital, que é o maior risco do mercado de ações.

Desvalorizações dessa natureza não são algo bom para o investidor.

Mas as cotações podem cair e as empresas continuarem com fundamentos sólidos. Nesse cenário temos uma queda generalizada dos preços.

Os motivos podem ser diversos, como:

O exemplo do Joseley Batista foi um caso típico de panic selling, em que os investidores se desesperaram para se desfazer dos seus ativos.

Investidores com muitos recursos também podem se desfazer das ações em alguns cenários.

Por exemplo, gestores de fundos passivos precisam vender as ações que saíram dos índices de referência (benchmark).

Outra situação que ocorreu foi quando o Brasil perdeu o grau de investimento (rating) pelas agências de classificação de risco.

Diversos investidores institucionais estrangeiros ficaram proibidos de investir no Brasil e tiveram que se desfazer das suas ações, derrubando as cotações.

O risco de mercado é perigoso?

 

BRK.A – Economatica

 

A resposta é não.

Mas somente se você possui uma boa empresa e tem uma visão de longo prazo nos seus investimentos.

Veja o gráfico acima para entender.

Essa é a ação da Berkshire Hathaway, a holding do maior investidor do mundo, Warren Buffet. De 1997 até hoje o capital dos investidores multiplicou 9 vezes.

Mas isso não ocorreu de forma linear e nem uniforme. Ações não sobem em linha reta e as vezes caem antes de subir. Faz parte.

Embora a ação da Berkshire tenha valorizado durante mais de 20 anos, não deixou de sofrer vários “tropeços”.

Só que as empresas da holding permaneceram rentáveis e aumentando os seus lucros durante esse período. Dessa forma, no longo prazo a cotação inevitavelmente reconheceu a geração de valor desses negócios.

Como disse o pai do Value Investing, Benjamin Graham:

“No curto prazo, o mercado de ações é uma urna, mas no longo prazo, uma balança”.

Os negócios que geram valor aos seus acionistas serão devidamente reconhecidos pelos investidores, ainda que leve alguns anos.

Risco de mercado como oportunidade

Agora que você já sabe que o risco de mercado não é tão arriscado assim, te faço uma pergunta:

Você gosta de descontos ou prefere pagar mais caro por algum produto?

A resposta é óbvia. Todo mundo prefere pagar menos pelo mesmo produto ou serviço.

Você concorda que se uma ação cai 30%, mas nada mudou na empresa, isso é uma maneira de comprar a ação na “promoção”. Não é mesmo?

Dessa forma, o risco de mercado proporciona justamente esses descontos nos preços das ações. Em situações assim a cotação tende a recuperar rapidamente.

Voltando ao exemplo da Cemig, 2 meses depois da delação do Joesley, a ação já havia subido 75% e recuperado toda a perda daquele dia.

CMIG4 – Economatica

É assim que eu quero que você encare o risco de mercado: como uma forma de adquirir ações na liquidação.

 

Conclusão

 

Assim, as quedas de preços por motivos alheios às companhias proporcionam promoções nos papéis de boas empresas.

Portanto, os investidores que possuem o preparo para identificar tais oportunidades se beneficiarão de um retorno maior nos seus investimentos.

O que chamamos de risco de mercado não é de fato um risco quando somos acionistas de excelentes empresas e temos um horizonte longo para investir.

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