Shadow banking: entenda como o sistema financeiro paralelo atua na economia

Com a globalização, os mercados financeiros de todo o mundo ficaram cada vez mais interligados e dependentes entre si. Mas apesar dos benefícios que essa integração trouxe, os riscos envolvidos em cada mercado deixaram de ter um caráter local e passaram a comprometer o mundo inteiro. Nesse contexto, um dos principais fatores de preocupação atualmente é a operação do controverso sistema de shadow banking.

Por ser um estrutura paralela aos mercados tradicionais, o shadow banking está sujeito a pouca ou nenhuma regulação. Por, a atuação desse sistema pode colocar em risco todo o mercado global – como já aconteceu durante a crise do subprime ocorrida no final da década de 2000.

O que é shadow banking?

O shadow banking, também conhecido em português como “sistema bancário sombra”, é um conjunto de operações e intermediários financeiros que fornecem crédito em todo o sistema financeiro global de forma “informal”.

Ou seja, por meio de uma série de atividades paralelas ao sistema bancário, algumas instituições e agentes conseguem realizar financiamentos de forma indireta, sem passar por nenhuma supervisão ou regulação.

Dentre os intermediários não-regulamentados que podem fazer parte do shadow banking estão os:

RENDA FIXA

Por que o shadow banking existe?

Instituições que praticam o shadow banking geralmente servem como intermediários entre credores e tomadores de empréstimos, fornecendo crédito e capital para investidores e corporações.

Mas como essas instituições não são bancárias, elas não recebem depósitos tradicionais como um banco tradicional. Por isso, muitas operações feitas por essas instituições possuem maiores riscos de mercado, de crédito e de liquidez, além de não possuir uma reserva de capital para servir como garantia.

Mas com o desenvolvimento dos mercados globais e a estruturação de operações cada vez mais complexas, o shadow banking passou a desempenhar um papel cada vez mais revelante em todo o sistema financeiro. De acordo com estudos da área, estima-se que em 2015 existiam 92 trilhões de dólares em os ativos financeiros não bancários circulando pelo mundo.

shadow bankingCríticas e riscos envolvidos no shadow banking

O setor bancário paralelo desempenha um papel crítico ao atender crescente demanda por crédito no mercado global. Porém, embora muitos argumentam que a atuação desse sistema bancário paralelo pode aumentar a eficiência econômica, sua operação gera preocupações quanto ao risco sistêmico de sistema financeiro.

Muitos acreditam, por exemplo, que o shadow banking foi o principal responsável pela crise de 2008 – a maior recessão econômica desde a Grande Depressão dos anos 1930.

Isso se deve porque, na véspera da crise de 2008, o sistema financeiro paralelo nos Estados Unidos tinha crescido aproximadamente o mesmo tamanho do sistema bancário tradicional do país. Por isso, quando os junk bonds imobiliários criados pelo shadow banking começaram a derreter, os investidores correram para tentar resgatar seu capital.

Mas como todas essas operações estavam completamente alavancadas (ou seja, sem nenhum lastro ou garantia real), não haviam fundos para honrar nenhum compromisso. Logo, esse problema se alastrou por todo o mercado financeiro, desencadeando todo o restante da crise e afetando profundamente a economia mundial.

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Regulação e limitações propostas ao shadow banking

Após a crise de 2008, as autoridades do mundo inteiro se empenharam para aprovar uma série de medidas que regulasse e limitasse a operação do shadow banking. Porém, apesar das reformas, principalmente aquelas aprovadas pelo Congresso americano, essas instituições ainda não estão sujeitas aos mesmos regulamentos que os bancos depositários tradicionais.

Isso significa que o shadow banking ainda permanece ativo e altamente alavancado, com uma alta proporção de dívida em relação aos seus ativos de garantia. Por isso, muitos acreditam que o esse sistema ainda pode estar expondo os mercados financeiros de todo mundo a um risco sistêmico excessivo.

 

 

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Tiago Reis
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2 comentários

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  • Lázaro Levi 9 de outubro de 2019
    Bom dia, Tiago. Parabéns pelo artigo, ele é muito claro e elucidativo. Fiquei apenas com uma dúvida: os "junk bonds" imobiliários tinham a garantia real do imóvel vinculado à hipoteca e o título securitizado considerava o risco de crédito, risco de liquidez e risco de mercado, associado a todos os custos (operacionais, judiciais) da cobrança da dívida e execução da hipoteca. Onde esteve o erro de cálculo? Foi no otimismo do crescimento econômico frustrado pela recessão do mercado imobiliário? O valor da garantia foi insuficiente para quitar a dívida? Muito obrigado!Responder
    • Suno Research 11 de outubro de 2019
      Os imóveis estavam supervalorizados, de modo que o seu valor real não chegava perto de quitar as dívidas que eles estavam sendo usados para garantirResponder

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